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Josi desafia lógica para homenagear a amiga Lais

Por Demetrio Vecchioli
Atualização:

Josi (Joselane) Santos, brasileira que compete em Sochi nesta sexta-feira, a partir das 11h45 pelo horário de Brasília, é provavelmente a mais improvável atleta na edição russa dos Jogos Olímpicos de Inverno. Nesta tarde, compete não apenas por ela, mas também pela amiga, Lais Souza, que segue internada nos Estados Unidos, agora no Hospital da Universidade de Miami.

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As duas treinaram e moraram juntas por sete meses, tempo que Josi teve para deixar de se ser uma ex-ginasta para se tornar uma esquiadora olímpica sem nunca antes ter sequer visto neve. Essa, porém, é só uma das peculiaridades que fazem de Josi a mais improvável dos quase 3 mil esportistas que estão em Sochi.

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Diferente de Lais Souza, que já foi uma das melhores do mundo na ginástica artística e tinha no salto seu principal aparelho (com acrobacias muito parecidas com as do esqui aéreo freestyle), Josi, hoje com 29 anos, nunca passou de uma ginasta mediana, também do Pinheiros. Da mesma geração de Daniele Hypolito, Daiane dos Santos e a própria Lais Souza, nunca participou de grandes competições internacionais.

Ela chegou ao esqui a partir de um convite feito pela Confederação Brasileira de Desportos na Neve (CBDN), que convocava ex-ginastas para realizar testes em São Roque, numa cama-elástica instalada no parque de esqui da cidade. Só apareceram ela e Lais (já amigas) para serem avaliadas pelo canadense Ryan Snow, que gostou das duas. A ideia inicial era chamar uma só (Lais, pela exposição), mas Josi agradou tanto que uma segunda vaga foi aberta.

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Foram sete meses de preparação, com Lais sempre à frente, saltando melhor. Seja nos treinos em São Roque, num colchão de ar, nos dois períodos de treinamento na América do Norte (Estados Unidos e Canadá) ou nas competições. Tanto que Josi está no 55.º lugar do ranking mundial, cinco lugares abaixo de Lais.

A vaga veio (inicialmente para Lais) porque eram apenas 55 concorrentes por 25 vagas olímpicas. Mas 25 dessas atletas eram de países que já haviam atingido a cota de quatro competidores por país. Assim, só 30 esquiadoras realmente disputaram a vaga olímpica. Josi era a 30.ª da lista e foi beneficiada porque os Estados Unidos abriram mão de duas vagas, o Canadá de uma e a Bielo-Rússia de outra.

A lista de improbabilidades, porém, ainda não acabou. Josi é a primeira latino-americana a disputar o esqui aéreo freestyle numa Olimpíada de Inverno. É também uma das únicas quatro atletas negras de todas as provas de neve em Sochi.

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Com uma lesão no joelho (precisa ser operada) e assustada pela lesão de Lais, Josi chegou cogitar não competir em Sochi. Mas decidiu participar da Olimpíada para homenagear a amiga, que segue sem conseguir mexer braços e pernas. Para tanto, recebeu o apoio do COB, que a mandou para Sochi assim que pôde, diminuindo o tempo de contato de Josi com toda a tragédia de Lais. O foco era outro.

Nesta sexta, ela terá direito a dois saltos para tentar avançar à final, o que ela fatalmente não conseguirá. Deverá fazer saltos simples e comemorará se acertá-los. A não ser que as rivais sofram quedas, Josi será a última colocada. Com sorte, penúltima (uma bielo-russa também não tem nível alto). Mas só a participação olímpica já é uma grande vitória.

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