Vinte e sete medalhas para ficar no Top10 dos Jogos Olímpicos do Rio. A novidade, contada nesta quarta-feira pelo COB, em entrevista coletiva no Rio, é notícia velha. A conta seria 28 se o Brasil tivesse vencido a Holanda, há 10 dias, em Brasília, e terminado no terceiro lugar da Copa do Mundo de futebol. O que o COB fez hoje nada mais é do que colocar como meta ganhar o mesmo número de medalhas que o Brasil conquistou nos Mundiais dos últimos 18 meses.
Em 3 de dezembro do ano passado, o Olimpílulas estreou no Estadão com uma entrevista com Marcus Vinicius Freire, o homem forte do COB, dirigente responsável por apresentar as metas do comitê há imprensa nesta manhã. E a meta de 27 medalhas já era tratada abertamente, como você pode ler aqui. À época, é verdade, falamos em 26 à espera da medalha (de ouro) que viria no Mundial de Handebol.
Hoje, está claro que o COB está sendo muito pouco ousado na meta para 2016, quando certamente ficará dentro do top10 (meta revelada após a última Olimpíada). De agora em diante, é pensar em aumentar o número de pódios. Ganhar 27 medalhas é algo absolutamente tangível. E, em dezembro, ainda não contávamos com nomes novos como Marcus Vinicius D'Almeida (tiro com arco), Rebeca Andrade (ginástica artística) e Matheus Santana (natação), que têm boas chances de subir ao pódio na próxima Olimpíada.
Essa postura, muito comedida, fica clara quando o COB fala em 10 modalidades a ganhar medalhas. Serão muito mais.Em nove, dificilmente o Brasil não vai subir ao pódio: futebol, vôlei, vôlei de praia, maratonas aquáticas, vela, judô, natação, atletismo e ginástica artística. Pelo investimento e pelo talento, essas modalidades têm obrigação de dar retorno.
Pelo talento individual, o Brasil chega como forte candidato a medalha no tae kwon do (Guilherme Dias), pentatlo moderno (Yane Marques) e canoagem (Isaquias Queiroz). O handebol é campeão mundial, o basquete masculino e o hipismo saltos têm bom time, assim como será com o polo aquático, em menor grau. BMX (Renato Rezende), mountain bike (Henrique Avancini), tiro esportivo (Cassio Rippel), levantamento de peso (Fernando Saraiva), remo (Fabiana Beltrame e Beatriz Cardoso) e luta (Joice Silva) têm chances menores e pode aparecer como surpresa.
Acreditar que, das 13 modalidades citadas aqui, só uma trará medalha é pensar muito pequeno. Digo mais: é fugir da responsabilidade de traçar uma meta alta e para não correr o risco de não cumpri-la. O COB foi ousado quando, em 2012, colocou o top10 como meta e competente ao alcançá-la tão cedo. Agora, parece estar com medo de não atingir uma meta mais ousada e ser cobrado como foi a CBF após a Copa.
Veja a resposta de Marcus Vinicius ao blog em dezembro: "A gente continua abrindo mais o leque, tendo na nossa mira 16, 17, 18 modalidades pra acertar em 12, 13 e 14." Hoje, o papo já foi outro: "Temos uma meta de ganhar medalhas em pelo menos dez modalidades".
Se o problema do COB é conseguir 27 medalhas em 10 modalidades em 2016, não há problemas. Isso será alcançado. O Comitê Olímpico Brasileiro tem que se preocupar, agora, com os Jogos Olímpicos de 2020 (Tóquio) e 2024 (sede indefinida). O trabalho da base ainda é ruim e poucas modalidades tiveram medalhas em Mundiais de categorias inferiores nos últimos anos. Vela, judô, natação e atletismo, nossas principais modalidades individuais, por exemplo, não somaram 5 medalhas nos últimos Mundiais. É muito pouco.