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Temendo críticas por insucesso, COB reduz meta para 2016

COB quer 27 medalhas em 10 modalidades nos Jogos do Rio, mas essa meta já foi atingida em 2013. Comitê Olímpico Brasileiro se abstêm de metas ousadas após fracasso do Brasil na Copa.

Por Demetrio Vecchioli
Atualização:

Vinte e sete medalhas para ficar no Top10 dos Jogos Olímpicos do Rio. A novidade, contada nesta quarta-feira pelo COB, em entrevista coletiva no Rio, é notícia velha. A conta seria 28 se o Brasil tivesse vencido a Holanda, há 10 dias, em Brasília, e terminado no terceiro lugar da Copa do Mundo de futebol. O que o COB fez hoje nada mais é do que colocar como meta ganhar o mesmo número de medalhas que o Brasil conquistou nos Mundiais dos últimos 18 meses.

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Em 3 de dezembro do ano passado, o Olimpílulas estreou no Estadão com uma entrevista com Marcus Vinicius Freire, o homem forte do COB, dirigente responsável por apresentar as metas do comitê há imprensa nesta manhã. E a meta de 27 medalhas já era tratada abertamente, como você pode ler aqui. À época, é verdade, falamos em 26 à espera da medalha (de ouro) que viria no Mundial de Handebol.

Hoje, está claro que o COB está sendo muito pouco ousado na meta para 2016, quando certamente ficará dentro do top10 (meta revelada após a última Olimpíada). De agora em diante, é pensar em aumentar o número de pódios. Ganhar 27 medalhas é algo absolutamente tangível. E, em dezembro, ainda não contávamos com nomes novos como Marcus Vinicius D'Almeida (tiro com arco), Rebeca Andrade (ginástica artística) e Matheus Santana (natação), que têm boas chances de subir ao pódio na próxima Olimpíada.

Essa postura, muito comedida, fica clara quando o COB fala em 10 modalidades a ganhar medalhas. Serão muito mais.Em nove, dificilmente o Brasil não vai subir ao pódio: futebol, vôlei, vôlei de praia, maratonas aquáticas, vela, judô, natação, atletismo e ginástica artística. Pelo investimento e pelo talento, essas modalidades têm obrigação de dar retorno.

Pelo talento individual, o Brasil chega como forte candidato a medalha no tae kwon do (Guilherme Dias), pentatlo moderno (Yane Marques) e canoagem (Isaquias Queiroz). O handebol é campeão mundial, o basquete masculino e o hipismo saltos têm bom time, assim como será com o polo aquático, em menor grau. BMX (Renato Rezende), mountain bike (Henrique Avancini), tiro esportivo (Cassio Rippel), levantamento de peso (Fernando Saraiva), remo (Fabiana Beltrame e Beatriz Cardoso) e luta (Joice Silva) têm chances menores e pode aparecer como surpresa.

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Acreditar que, das 13 modalidades citadas aqui, só uma trará medalha é pensar muito pequeno. Digo mais: é fugir da responsabilidade de traçar uma meta alta e para não correr o risco de não cumpri-la. O COB foi ousado quando, em 2012, colocou o top10 como meta e competente ao alcançá-la tão cedo. Agora, parece estar com medo de não atingir uma meta mais ousada e ser cobrado como foi a CBF após a Copa.

Veja a resposta de Marcus Vinicius ao blog em dezembro: "A gente continua abrindo mais o leque, tendo na nossa mira 16, 17, 18 modalidades pra acertar em 12, 13 e 14." Hoje, o papo já foi outro: "Temos uma meta de ganhar medalhas em pelo menos dez modalidades".

Se o problema do COB é conseguir 27 medalhas em 10 modalidades em 2016, não há problemas. Isso será alcançado. O Comitê Olímpico Brasileiro tem que se preocupar, agora, com os Jogos Olímpicos de 2020 (Tóquio) e 2024 (sede indefinida). O trabalho da base ainda é ruim e poucas modalidades tiveram medalhas em Mundiais de categorias inferiores nos últimos anos. Vela, judô, natação e atletismo, nossas principais modalidades individuais, por exemplo, não somaram 5 medalhas nos últimos Mundiais. É muito pouco.

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