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Um blog de futebol-arte

Diário da Copa 2014. Como driblar a síndrome de abstinência de um dia sem futebol?

É difícil, eu sei. Como encarar um dia sem ao menos um joguinho às 13h e outro às 17h?

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Por Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

Para falar a verdade já acordei inquieto com a perspectiva de um dia, aliás um, não - dois dias! sem futebol.

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Sempre é possível dar uma de Poliana e dizer: que bom, ainda bem, hoje o dia vai render. Vou poder fazer o que não faço desde que começou a maratona dia 12 de junho.

Que tal aproveitar a folga e cortar o cabelo, por exemplo?

Ou, mais urgente, já que cabelos, neste caso particular, são raros, pagar as contas? Abri o baú, ou melhor, a pasta onde fica a papelada e percebi que já havia vários carnês atrasados à minha espera.

E assim correu o dia. Pagando, tentando evitar a inadimplência em tempo de Copa do Mundo.

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Fui também tratar de outras coisas, mexer no blog, fazer contatos, escrever umas coisinhas sobre cinema, dar uns telefonemas, e assim seguimos em frente.

Quando a noite chegou, eu já havia feito um montão de coisas. Tinha, como se diz, colocando a vida em ordem. Mas e o vazio que me acometia como um mal existencial sem cura, como aliviá-lo?

Então me lembrei das mesas redondas. O futebol pode parar, as mesas não. Essa fala sem fim sobre as mazelas psicológicas dos jogadores, as alterações que Felipão precisa fazer, a má fase de Fred, quem vai substituir o Luis Gustavo, quem vai marcar o James Rodrigues, o palavrório infinito em torno do jogo por vir, ou do jogo passado, este nunca se detém. Chova ou faça sol, caia o dólar ou suba a Bolsa, ele está aí. Nas mesas redondas.

Assisto a tudo num estado de torpor infinito.

É como o alívio que um viciado em tratamento recebe, drogando-se de outra maneira. Uma espécie de metadona para quem está fissurado por heroína. Um substituto para o verdadeiro vício, esse que te leva ao paraíso e também te mata.

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Vivam as mesas redondas. Sem elas, entraríamos em parafuso nesses melancólicos dias sem jogos, e que já nos prepararam para o inevitável, o vazio definitivo que virá com o fim da Copa.

Então, quando ela acabar, o que será de nós?

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