Diário da eleição argentina - terceira parte

Cheguei ontem a Buenos Aires após três dias em Formosa, no norte da Argentina. Aqui, como lá, há pobreza, ainda que de maneiras diferentes.  Logo na saída do Aeroparque Jorge Newberry, o aeroporto doméstico da capital platina, há uma grande favela na alça de acesso para a autopista que leva à 9 de julho. As casas de tijolo sem alvenaria lembram muito as grandes favelas urbanas do Brasil.

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Por Redação
Atualização:

Aqui em Buenos Aires, a coleta de lixo é ruim. Os garis trabalham sem luva e parte do lixo permanece nas calçadas após a passagem do caminhão de coleta. Só não é pior, dizem, porque os porteiros mantêm as calçadas limpos e catadores recolhem parte do lixo que sobra. Há mendigos e moradores de rua. Ao lado do hotel, um dormia ao relento.

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No metrô, os trens são parecidos com os mais novos que começaram a circular nas linhas de São Paulo. A disposição dos assentos, por exemplo, é igual. As estações, no entanto, são mais velhas e mais sujas do que na capital paulista.

No retorno de Palermo para o centro pela linha verde do metrô, vi um menino entrar no vagão. Seus tênis eram velhos e rasgados, assim como a bermuda jeans e a camiseta. Tirou da mochila quatro ou cinco bolas de borracha e três garrafas d'água meio cheias. Como no Brasil, começou a pedir esmola e falava num ritmo similar ao dos vendores que sobem nos ônibus de São Paulo (boanoitesenhorespassageiros... desculpeincomodaraviagemdossenhorespassageiros....)

Ele começou a fazer malabarismos, primeiro com as bolinhas depois com as garrafas, como alguns pedintes fazem nos sinais brasileiros. Como no Brasil, poucos o ajudaram com dinheiro. A diferença? Pediu aplausos e foi atendido.

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