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'Street Fighter é o jogo de toda uma geração'

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Por João Coscelli
Atualização:

Completar 25 anos na breve história dos videogames já é um feito. Mas fazer duas décadas e meia de vida nas graças dos jogadores e gozando o status de referência no ramo é para poucos jogos. É para franquias clássicas e quase santificadas, como Street Fighter, o game de "toda uma geração".

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A definição é de Tomoaki Ayano, envolvido na produção dos games mais recentes da franquia de luta. Ao Modo Arcade, o produtor da Capcom fala sobre a influência que a marca exerceu - e ainda exerce - sobre os videogames e da importância da franquia para a indústria. "Sem Street Fighter, os jogos que conhecemos seriam diferentes", avalia o japonês.

Leia a íntegra da entrevista abaixo e veja também o infográfico comemorativo:

MODO ARCADE: O primeiro Street Fighter foi essencial para estabelecer os padrões dos jogos de luta, o que foi aprimorado pelas versões posteriores. Há como medir essa importância?

TOMOAKI AYANO: É difícil falar emcenários hipotéticos, mas acredito que sem os primeiros jogos da franquia, os jogos de luta não existiriam da forma que os conhecemos atualmente. A ideia de usar os vários artifícios dos diferentes personagens e colocá-los para brigar em um ambiente virtual é um desses padrões estabelecidos que são usados nos demais games ainda hoje.

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MODO ARCADE: Então a marca permanece influente?

TOMOAKI AYANO: Não apenas para a Capcom, mas para os milhões de fãs em todo o mundo. O Street Fighter influenciou os jogos de luta e outros gêneros como um pioneiro entre os games competitivos. Street Fighter II ainda hoje é considerado uma obra-prima e visto como inspiração para os desenvolvedores. O fato de a franquia celebrar seu 25º aniversário por si só já é uma prova de sua popularidade e importância.

MODO ARCADE: São 25 anos angariando fãs exigentes que sempre esperam um jogo melhor que o anterior. Como é estar envolvido em algo que os fãs veem como tão importante?

TOMOAKI AYANO: Sinto uma responsabilidade enorme. Trata-se de uma referência na nossa área e é uma questão de escolhas sobre o design e a evolução do jogo. Mas os fãs são apaixonados e dão opiniões importantes para o desenvolvimento. Recebemos retorno de jogadores de todo o mundo e às vezes é impressionante o detalhamento dos relatos e sugestões.

MODO ARCADE: E as opiniões deles entram no jogo?

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TOMOAKI AYANO: Nós tentamos incorporar o máximo de sugestões que conseguimos. Nós reconhecemos que se eles escrevem, é porque são apaixonados pela série. São os fãs que jogam e entendem o que querem. Eles dão o feedback para entregarmos um jogo ainda melhor.

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MODO ARCADE: No que mais se inspiram para desenvolver os jogos da franquia?

TOMOAKI AYANO: Claro que filmes, livros e outros jogos nos servem de inspiração, mas gosto de pensar na inspiração como um tipo de mentalidade. É importante estar aberto a novas experiências e prestar atenção no que é legal e interessante. Internalizar essas experiências é fundamental, e para vivenciar mais delas é preciso inovar, conhecer coisas novas.

MODO ARCADE: Os jogos de luta não têm mais a importância que tiveram para os videogames na década de 90. O público atual tem como referência outros gêneros, como os games de tipo. Como atrair esses jogadores?

TOMOAKI AYANO: Que tal dar uma arma ao Ryu? Brincadeira. Estamos sempre pensando em atrair um público maior para os jogos de luta. O núcleo desse gênero é a competição, que nada mais é a interação entre os jogadores. O Street Fighter tem essas qualidades e por isso tentamos nivelar os princípios básicos do desenvolvimento dos jogos para oferecer essas experiências a um grupo cada vez maior de jogadores.

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MODO ARCADE: E o que será do Street Fighter daqui alguns anos? Qual é o futuro da franquia?

TOMOAKI AYANO: Creio que a franquia ainda tem 25, 30, até 50 anos pela frente. Minha função como produtor é assegurar que o Street Fighter cresça em termos de popularidade e em número de jogadores interessados. Poder jogar online causou um grande boom nos jogos de luta nos últimos anos e queremos manter a série como uma pioneira também nessa área.

MODO ARCADE: A série se tornou tão popular que passou a ser mais que um jogo. Street Fighter agora é uma marca, parte da cultura popular dos videogames e também fora deles. Isso foi - e ainda é - importante?

TOMOAKI AYANO: Uma marca verdadeiramente bem sucedida precisa de várias formas de engajar seus fãs. Eu mesmo não convivi apenas com o jogo, mas com outras mídias da marca. Eu estava no ginásio quando o Street Fighter II me fisgou e se eu não estava jogando, estava lendo os quadrinhos, brincando com os bonecos, assistindo às animações, tudo isso. Street Fighter estava no nosso sangue. Sem essas formas de nos manter em contato com a marca, não seríamos os fãs que somos. E eu não trabalharia como produtor.

MODO ARCADE: Como você definiria, então, o que é Street Fighter?

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TOMOAKI AYANO: Street Fighter é minha vida. Eu cresci jogando os jogos e eles influenciaram quem eu sou hoje. Sou um produtor, mas não deixei de lado minhas raízes como jogador, isso nunca vai mudar. Deve haver muitos jogadores que concordariam comigo. Street Fighter é o jogo de toda uma geração.

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