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Quanto custa a imagem da Sony para nós?

Por João Coscelli
Atualização:

Quando anunciou que o Xbox One precisaria estar permanentemente conectado à internet e que não seria possível emprestar jogos - apenas para citar alguns aspectos - a Microsoft cometeu um erro gravíssimo. Mas bastaram poucas semanas para que a empresa, ao verificar as reações sobre essas notícias, voltasse atrás, diminuindo o abismo que havia sido criado entre seu novo console e o concorrente, o Playstation 4, da Sony.

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Hoje, a Sony também cometeu um erro, embora apenas em escala nacional para nós, aqui no Brasil. Logo pela manhã, a empresa anunciou que o preço do PS4 por aqui seria de R$ 4 mil. O valor oficial, de lançamento.

Desnecessário dizer que a quantia abusiva já provocou uma avalanche de reclamações e trouxe novamente à tona o papo de como vale mais a pena financeiramente viajar até Miami e comprar o console in loco, entre outras teorias. Até sites estrangeiros (IGN, Gamespot, Kotaku) deram destaque para o que parece ser algo inacreditável para quem está olhando de fora.

Vamos colocar os preços na ponta do lápis. Nos Estados Unidos, o PS4 será lançado por US$ 399. Convertido para a nossa moeda, o preço se torna R$ 842. Ou seja, dá para comprar quatro consoles lá com o dinheiro que seria gasto com apenas um aqui, e ainda sobra.

Agora, olhemos para o concorrente. O Xbox One, que para os norte-americanos custará US$ 499, deveria chegar ao mercado brasileiro por R$ 1077. Custará R$ 2,2 mil, um valor ainda altíssimo, mas quase metade do que a Sony propôs.

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A Sony culpa os impostos, os grandes vilões da indústria brasileira. Mas replico aqui um cenário que muitas pessoas simularam após a divulgação do preço. Tendo como base uma cotação em que o dólar custa R$ 2,50, o que não é a realidade, teríamos um PS4 custando R$ 1 mil. Se sobre o produto recaíssem 100% de impostos (que na realidade são entre 60% e 70%, segundo a Sony), o valor dobra e chega a R$ 2 mil. Some uma margem de lucro adicional (não estamos nem considerando o preço inicial, onde o lucro já está embutido) e teremos um total de R$ 3 mil reais. Ainda absolutamente fora da realidade, mas bem inferior aos inacreditáveis R$ 4 mil anunciados.

Os mesmos impostos valem para a Microsoft. Não faz qualquer sentido o Xbox One ser mais caro lá e absolutamente mais barato aqui. Qualquer justificativa não será o bastante para explicar os porquês desse preço anunciado pela Sony.

Houve quem questionasse se trata-se de um valor errado divulgado, ou mesmo uma estratégia para verificar como o mercado reage à notícia, mas ao que tudo indica, este será, de fato, o preço de lançamento do console aqui no Brasil.

Sim, aqui no Brasil, onde parecia que a empresa vinha acertando a mão nos últimos meses. Aqui, para onde os japoneses trouxeram a fabricação do PS3. Aqui, onde tomaram uma série de medidas para baratear alguns jogos, onde lançaram produtos novos e exclusivos para a América Latina, onde iniciaram uma campanha de marketing e relacionamento para estarem mais próximos dos consumidores locais. Aqui, onde a Sony, ao menos parecia, ia criar uma base imensa de jogadores, os entenderia e a eles ofereceria o que tem de melhor.

Mas esse preço joga tudo isso por água abaixo. A estratégia parece ser chutar o preço lá na estratosfera porque "tem quem compre". É a mesma lógica dos valores abusivos praticados pelas realizadoras de megashows no Brasil - centenas de reais por um serviço precário, sem segurança ou estrutura, mas que tem uma procura gigantesca. É economia básica - se há oferta, é porque existe demanda.

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Há, porém, um risco tremendo para a Sony nessa estratégia. O dinheiro pode entrar vindo daqueles pouquíssimos que aceitarão pagar esse preço, mas a esmagadora maioria vai se sentir lesada e pode simplesmente desconsiderar a compra. Pior: pode migrar para computadores ou para o Xbox One. Mas a cicatriz maior será a imagem da empresa ante os jogadores brasileiros, que, como dissemos, melhorou nos últimos meses, e agora está à beira do abismo.

Voltamos ao primeiro parágrafo deste texto. A Microsoft aprendeu com os erros e retrocedeu, ganhando de volta o respeito dos fãs. É hora de a Sony reconhecer o equívoco e, se de fato entendeu e quer se aproximar do mercado brasileiro, rever suas políticas.

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