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Videogames de A(tari) a Z(elda)

Pé na realidade

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Por João Coscelli
Atualização:

Antes de ser conhecido como o reality show do paredão e da prova do líder, o Big Brother era o personagem que a todos observa em 1984, romance de George Orwell. Tanto no programa como no livro, todos estão sob vigilância constante. Esse também é o conceito de Watch Dogs, que a Ubisoft lança no próximo dia 27. Mas no game, quem está acima de todos é a cidade de Chicago.

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O jogo propõe um mundo aberto e uma cidade viva. Todos os personagens têm uma história e uma personalidade, e, como diz o slogan, "tudo está conectado". Nessa conjuntura, entra o protagonista Aiden Pearce e seu smartphone, com o qual controla semáforos, hackeia contas bancárias, invade bancos de dados, colhe imagens de câmeras de segurança e por aí vai. A ideia é fazer da Chicago virtual e suas tecnologias e sistemas um playground.

Em entrevista ao Modo Arcade, o diretor de conteúdo de Watch Dogs, Thomas Geffroyd, revelou que o game passa longe de ser ficção científica. Embora controlar uma cidade na palma da mão ainda seja algo impossível, os demais aspectos do jogo têm um pé na realidade. "A realidade foi a nossa inspiração. Chicago é a cidade mais vigiada e conectada dos Estados Unidos. Há mais de 24 mil câmeras espalhadas pela cidade, há algoritmos que preveem ações, sistemas de reconhecimento facial. O que você vê em Watch Dogs não é ficção científica. Isso está acontecendo agora em Chicago e em outras cidades", diz.

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O conceito de "cidade viva" usado para conceber a Chicago de Watch Dogs passa pelo conceito real de "cidades inteligentes", onde dados e computadores controlam recursos e sistemas municipais. No jogo, Aiden acessa o CtOS, espécie de Big Brother da segurança, e identifica potenciais crimes, cabendo ao jogador decidir se intervém ou não. Acha que isso é muita viagem? A Chicago real já faz isso. Desde 2009 é implantado na cidade um sistema que mantém um banco de dados com informações sobre potenciais criminosos que com certeza seriam identificados por qualquer uma das milhares de câmeras espalhadas nas esquinas. Não se sabe por enquanto se a Operação Escudo Virtual (OVS, na sigla em inglês), nome dado ao programa que custou US$ 217 milhões, diminuiu a criminalidade na cidade, mas uma coisa é certa - acendeu o debate sobre privacidade.

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Geffroyd conta que Watch Dogs não tem a pretensão de levar qualquer mensagem ou lição sobre privacidade, apesar de escancarar pontos polêmicos, principalmente por ter essa proximidade com a realidade. "Não queríamos que os jogadores aprendessem algo, porque isso é um pouco pretensioso. Mas queríamos que eles descobrissem algo sobre nossa realidade, então tentamos ser os mais exatos e precisos que pudemos. Não queríamos fazer ficção científica. É muito fácil falar sobre ficção científica e viajar. Queríamos manter isso real, manter fiel à tecnologia que existe, porque há muito a falar sobre esses assuntos. Talvez Watch Dogs seja parte dessa discussão", explica.

Mesmo sem admitir uma causa nobre, porém, Geffroyd afirma que a Ubisoft tentou "expor essa realidade" de que já existe um Big Brother ativo. "Nós usamos celulares há dez anos e nunca pensamos no que isso significa. Estamos fazendo jogos para divertir, não é nosso dever dar as respostas. Mas podemos fazer as perguntas, porque ao dar a oportunidade para o jogador agir como quiser, para fazer o que quiser com esse poder, é aí que ele vai refletir e pensar", argumenta.

Essa mistura de realidade e tecnologia avançada que dá o poder de controle ao jogador é o que dá o tom de Watch Dogs. Não só o personagem é controlável, mas tudo o que está à sua volta. Se isso vai de fato acontecer daqui uns anos - ou mesmo já acontece agora - não dá para saber, mas leva para os games uma discussão importante sobre segurança e privacidade que já ronda outros universos.

Para finalizar, algumas pessoas tiveram esse poder de hackear a cidade na palma das mãos. Tudo graças a uma ação de marketing para divulgar o game. Confira abaixo.

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