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Videogames de A(tari) a Z(elda)

Um lugar na cabeça e um celular na mão

Por João Coscelli
Atualização:

Mais que um site de buscas, o Google é uma empresa de inovação cujas atividades variam entre o desenvolvimento de um carro que não precisa de motorista e um óculos que promete nos manter conectados a todo momento. Era questão de tempo até que a companhia se arriscasse no mundo dos games. Bem, era. E já faz um tempo. Um ano e um mês, mais precisamente.

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Em novembro de 2012, foi lançada a versão beta de Ingress, um jogo de realidade virtual com elementos de RPG desenvolvido para plataformas móveis cuja mecânica prevê a movimentação real do jogador até determinados pontos para interagir com portais de uma realidade alternativa. Recentemente, o game foi aberto a todos os usuários de dispositivos Android e deixou a versão beta no último dia 14.

O jogo foi desenvolvido pela Niantic Labs, braço criado pelo Google para o desenvolvimento de jogos chefiado por John Hanke, que antes de assumir essa função atuou na liderança da divisão de produtos de geolocalização da empresa. O resultado dessa equação é um game social que aproveita tecnologias do Google Maps, do Google Earth e do Google+ e faz o jogador sair de casa. "Nos inspiramos em nossa paixão pelos jogos e na insatisfação de ver nossas crianças grudadas no sofá. O mundo é um lugar grande e interessante e explorá-lo pode ser muito divertido. Queríamos usar o jogo para estimular isso", disse ele ao Modo Arcade, revelando que se inspirou no seriado Lost para criar uma noção de realidade alternativa.

Para entender a concepção de Hanke é necessário compreender como o jogo funciona. Para isso, porém, é preciso conhecer toda a narrativa por trás dele. Em poucas palavras, é o seguinte: cientistas descobriram uma substância chamada exotic matter (matéria exótica, em tradução livre) que emana de portais no nosso mundo, e dois grupos devem controlar o maior número deles para criar campos de controle e cumprir seu objetivo. A Resistência quer impedir os humanos de se tornarem escravos da substância, enquanto os Iluminados acreditam que ela pode libertar o verdadeiro potencial dos homens.

Cada jogador é um agente de uma dessas facções e precisa ir fisicamente até esses portais - que podem ser monumentos, grafites, construções de valor histórico ou artístico - e ligá-los a outros dois, criando um campo de controle. Dá para instalar dispositivos de defesa nos portais de sua facção e atacar aqueles sob domínio dos rivais. Tudo é feito pelo celular -e explicado com mais detalhes no vídeo abaixo.

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São um milhão de jogadores com um objetivo em comum: dominar o mundo virtualmente com sua facção. "Isso, no mundo real, se traduz na exploração da sua vizinhança, procurando por portais, coletando itens e, conforme você avança, ir a mais lugares e conhecer mais pessoas. Os maiores eventos do jogo só acontecem quando vários jogadores se juntam. Os jogadores podem tornar o Ingress social, desde jogando sozinho até reunindo centenas de pessoas em ações coordenadas", afirmou Hanke.

Não à toa, o jogo foi desenvolvido para recompensar aqueles que jogam em equipe e, por isso, a equipe responsável no Google deu iniciou a uma série de eventos para reunir os jogadores. As primeiras reuniões brasileiras aconteceram nos finais de semana de 14 e 15 de dezembro em São Paulo e no Rio de Janeiro. Tudo entrelaçado com o pano de fundo da matéria exótica e, por vezes, com a presença dos próprios desenvolvedores do jogo.

Esses eventos fazem parte de uma turnê que geralmente envolvem cidades em todo o mundo e, diz Hanke, reúnem um número considerável de jogadores. Não é para menos, já que Ingress conta com mais de um milhão de jogadores ao redor do mundo, mas com a versão definitiva e o lançamento para iOS, previsto para 2014, o número deve aumentar drasticamente. Embora ainda não haja uma versão em português, que deve ser desenvolvida durante o ano que vem, há uma significativa comunidade brasileira jogando e interagindo via este grupo no Google+.

 Foto: Estadão

Ingress pode não ser o tipo de game que alguns jogadores tradicionais esperam, mas abre uma nova porta na indústria. Hanke afirma que esse é justamente o objetivo do projeto. "Assim como qualquer projeto do Google, estamos tentando inovar de modo a fazer a indústria progredir. Quanto aos games, isso significa jogos que estimulem a atividade física, o engajamento de comunidades, descobertas locais e interação social 'de verdade'. Também queremos explorar as possibilidades dos dispositivos móveis com jogos 'nativos' dessas plataformas e vamos explorar os jogos em dispositivos 'usáveis' no futuro", contou, fazendo uma clara referência ao Google Glass.

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Um dos projetos do tipo que está em andamento é o Field Trip, um app que mapeia a informação do mundo ao seu redor, mostrando informações e histórias de locais como museus, bares, obras de arte e outras coisas que servem como portais em Ingress. O programa emite um alerta quando alguém se aproxima de algo que julga interessante e mostra esses dados, geralmente publicados pelos próprios usuários. "O objetivo é mapear lugares legais que as pessoas não conheçam e fazer com que qualquer um se sinta um 'local', não importa em que canto do mundo esteja", concluiu.

Tudo isso, porém, é muito mais complexo que esse texto. Recomendamos o acesso do canal de Ingress no YouTube, onde são postados vídeos semanalmente com atualizações dos eventos especiais e de tudo o que acontece na comunidade e na "realidade alternativa", sua página no Facebook e o próprio site do game. Mas para conhecer e se envolver de verdade, é só baixar em seu dispositivo Android e começar a descobrir o mundo ao seu redor.

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