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Uma tragédia humana, um desastre estratégico

Não bastou urinar em cadáveres e queimar exemplares do Corão. As forças ocidentais envolvidas na luta para estabilizar o Afeganistão parecem estar se esforçando, nos últimos tempos, para criar incidentes que reforçam a hostilidade local em relação à Otan e aos EUA. O último episódio foi o assassinato de pelo menos 16 pessoas por um soldado americano, em Kandahar. "Onze membros da minha família foram mortos. Estão todos mortos", disse um afegão à Agência France Presse. Há mulheres e crianças entre as vítimas. É o tipo do evento que nenhuma declaração de desculpas, mesmo sincera, pode superar.

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Ainda que se descubra que o tal soldado é apenas um desequilibrado, como os atiradores em escolas americanas, essa tragédia terá o condão de causar mal-estar suficiente para que se comece a colocar em questão até mesmo o propósito da missão ocidental no Afeganistão.

Se essa missão visa a enfraquecer o Taleban, de modo a acabar com um dos ninhos do terrorismo internacional, ela só está conseguindo o inverso: a cada revés desse tipo, a cada polegada de terreno perdido pelos ocidentais para os fundamentalistas islâmicos - terreno tanto geográfico quanto moral -, o Taleban renova suas energias e pode sair dessa guerra muito mais forte do que entrou.

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