Seja como for, a situação, beira o ridículo - é difícil imaginar como cabeleireiros possam ameaçar a segurança nacional. Isso só reforça a sensação de que Israel pode estar se deixando levar pelas certezas morais e ideológicas de seus atuais dirigentes, incapazes de perceber o isolamento crescente a que estão submetendo o país.
O debate sobre esse isolamento está na ordem do dia em Israel. A recente decisão do governo de boicotar o Conselho de Direitos Humanos da ONU aparece no centro da polêmica. Israel alega, com razão, que o conselho não tem nada a ver com direitos humanos - é um fórum político, integrado por ditadores interessados em desviar a atenção das violações que eles próprias cometem. Israel é alvo frequente de censura do conselho, enquanto a Síria, cuja ditadura está dizimando seu povo, mal é notada. Não dá para levar a sério.
No entanto, simplesmente romper com o conselho parece ter sido uma decisão que resultou menos de reflexão e mais de impulso. Em diplomacia, um comportamento desse tipo é receita certa para o desastre - não devolve às coisas a seus lugares e, pior, dá munição aos que têm usado cinicamente o Conselho de Direitos Humanos como instrumento de propaganda barata.