Na Holanda, o líder populista Geert Wilders será julgado por suas declarações abertamente islamofóbicas.
Em ambos os casos, o que está em jogo são as liberdades individuais. Wilders está doido para ser julgado justamente porque quer transformar o banco dos réus num altar, para ser imolado como mártir da liberdade de expressão. Bolsonaro, por sua vez, disse estar se "lixando" para os homossexuais que o ameaçam com um processo. Os holofotes são justamente seu oxigênio.
Wilders, cuja influência política é infinitas vezes superior à do limítrofe Bolsonaro, representa o avanço da extrema direita europeia. A visibilidade de seu caso e a crescente aceitação de suas ideias certamente estimularão outros partidos da mesma extração a adotar um discurso cada vez mais duro contra imigrantes e muçulmanos. A solução seria não dar atenção a Wilders, deixando-o falar sozinho, mas agora parece ser tarde.
O caso do nosso capitão falastrão é semelhante: se ele fosse apenas ignorado, suas ofensas rapidamente cairiam no esquecimento, que é o lugar apropriado para elas. Contudo, há uma feroz militância do politicamente correto que tem explorado a imbecilidade de Bolsonaro para, em nome da defesa de minorias e afins, atropelar o direito à opinião contrária, numa violência tão grande quanto a homofobia do deputado. Para parte dessa militância, interessa muito constranger aqueles que não se sentem prontos ainda para aceitar com "naturalidade" o homossexualismo.
O fato é que Wilders e Bolsonaro dizem o que muita gente só pensa.