Enquanto o sangue de pessoas inocentes corre nas ruas sírias, o caso do bloqueio a Gaza é bem menos premente: Israel ampliou consideravelmente a lista de materiais que podem ser desembarcados no território palestino, e o Egito abriu sua fronteira com a região. Logo, embora o cerco israelense persista, movido pela ameaça terrorista representada pelo Hamas, o atual cenário em Gaza não se compara, em urgência humanitária, à desesperadora situação dos dissidentes da Síria. Donde se conclui que a nova "flotilha" tem utilidade meramente política, assim como sua antecessora: provocar Israel para que o país, ao reagir, "prove" sua natural "beligerância". Não é por outra razão que, entre os "humanistas" a bordo, há alguns ligados ao grupo terrorista Hamas, o mais interessado em constranger Israel.
Apesar das evidências de que uma nova armadilha está sendo montada para Israel, o governo israelense insiste em dar importância a quem não tem. Se deixasse a tal flotilha chegar a Gaza, nada aconteceria (o porto local nem comporta os navios que estão chegando), e o caso cairia rapidamente no esquecimento - salvo para meia-dúzia de obcecados que veriam no episódio uma "vitória" contra Israel. Mas os israelenses já avisaram que vão abordar os barcos e chegaram a ameaçar jornalistas - um evidente tiro no pé. O lamentável enfrentamento do ano passado, que ajudou a isolar Israel ainda mais ante a opinião pública internacional, mostra que só um lado tem algo a perder nessa história.