Israel dá importância a quem não tem

No exato momento em que os sírios contam mais de mil mortos pela covarde repressão realizada pelo ditador Bashar Assad, "ativistas" de várias partes do mundo mobilizam recursos e energia para organizar uma nova "flotilha da liberdade" e "denunciar" o bloqueio de Israel a Gaza.

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Enquanto o sangue de pessoas inocentes corre nas ruas sírias, o caso do bloqueio a Gaza é bem menos premente: Israel ampliou consideravelmente a lista de materiais que podem ser desembarcados no território palestino, e o Egito abriu sua fronteira com a região. Logo, embora o cerco israelense persista, movido pela ameaça terrorista representada pelo Hamas, o atual cenário em Gaza não se compara, em urgência humanitária, à desesperadora situação dos dissidentes da Síria. Donde se conclui que a nova "flotilha" tem utilidade meramente política, assim como sua antecessora: provocar Israel para que o país, ao reagir, "prove" sua natural "beligerância". Não é por outra razão que, entre os "humanistas" a bordo, há alguns ligados ao grupo terrorista Hamas, o mais interessado em constranger Israel.

Apesar das evidências de que uma nova armadilha está sendo montada para Israel, o governo israelense insiste em dar importância a quem não tem. Se deixasse a tal flotilha chegar a Gaza, nada aconteceria (o porto local nem comporta os navios que estão chegando), e o caso cairia rapidamente no esquecimento - salvo para meia-dúzia de obcecados que veriam no episódio uma "vitória" contra Israel. Mas os israelenses já avisaram que vão abordar os barcos e chegaram a ameaçar jornalistas - um evidente tiro no pé. O lamentável enfrentamento do ano passado, que ajudou a isolar Israel ainda mais ante a opinião pública internacional, mostra que só um lado tem algo a perder nessa história.

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