No mesmo dia em que o terrorista agiu, o Fatah, grupo ao qual Abbas pertence, fez uma importante homenagem a Dalal Mughrabi, a terrorista palestina responsável pelo massacre de 38 israelenses - entre os quais 13 crianças - em 1978. Ela é considerada uma heroína pelo Fatah, uma mulher que deu a vida pela causa, ainda que, para isso, tenha tirado a vida de dezenas de inocentes, inclusive crianças.
A pergunta óbvia é: como se pode acreditar nas palavras de Abbas quando sua facção política, justamente aquela que serve de interlocutora nas negociações com Israel, glorifica uma mulher que assassinou inocentes a sangue frio? Ao "condenarem" o terrorismo ao mesmo tempo em que o incitam, Abbas e os palestinos não podem reclamar da hipocrisia dos israelenses - que vivem a criticar a indisposição palestina ao diálogo ao mesmo tempo em que mantêm o ritmo feroz da colonização da Cisjordânia.
Ademais, Abbas fez sua "condenação" do ataque de sexta-feira a uma rádio de Israel, mas não se tem notícia de que tenha feito o mesmo para ouvidos palestinos. Logo, sua "condenação" não tem valor nenhum, a não ser para alimentar a retórica demagógica em relação à "paz" no Oriente Médio.
Ora, que paz é possível quando há quem consiga justificar a degola de crianças como uma "operação heróica"?