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Pequenas neuroses contemporâneas

Opinião|revolução iutubada, feiçada e tuitada

O garoto estudante de jornalismo esticou o gravador e me perguntou:

Atualização:

"O que você acha da imprensa?"

Estávamos ontem no fim da MARCHA DA LIBERDAD?E.

Depois de 2 horas concentrados no MASP e caminharmos pela AV. PAULISTA.

Descíamos a CONSOLAÇÃO, escoltados pela polícia.

Numa negociação tensa.

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Mais uma vez, algum juiz do TJ proibira a manifestação.

Que deu num confronto policial insano semana antes.

Que só deu gás para a nova manifestação espontânea - não há 1 partido apenas ou 1 grupo por trás, mas diversas correntes e gente sem filiação.

Que se antes era a MARCHA DA MACONHA, agora era a da LIBERDADE.

Éramos uns 5 mil.

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Muitos fotógrafos, repórteres, com seus gravadores, bloquinhos ou câmeras.

Dei mais entrevistas para blogs do que para a chamada "imprensa oficial".

Sem contar que dei entrevistas para anônimos que poderão ser feiçadas ou iutubadas.

Encontrei muitos amigos da imprensa.

Ex-colegas e colegas atuais.

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Trabalhavam e marchavam pela LIBERDADE DE EXPRESSÃO.

Tenho amigos nas chefias e secretarias das redações de revistas, jornais e TVs.

Amigos de infância, de faculdade, de boemia...

Tenho até 1 amigo dono de jornal.

A imprensa somos nós, pensei.

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"Não existe 'a' imprensa. Existe de tudo. Não é um ser uniforme, mas pluralista. Existe a imprensa boa e ruim", respondi.

E me lembrei das intermináveis discussões sobre o PIG [Partido da Imprensa Golpista].

Por ter trabalhado na VEJA nos anos 80, na FOLHA nos 90 até 2003, e agora no ESTADÃO, sou para a família e amigos um expoente do PIG.

Que deturpa informações para seguir a sua aliança satânica com o Império de Mal.

Um piguista.

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Cansei de defender o colega que não é petista ou tucano, mas um cara que comete erros como todos e bebe cerveja comigo na Vila Mada.

"Mas o que você acha de como a imprensa tem tratado as manifestações dos jovens?", replicou o garoto.

Comecei a entender o que ele queria dizer.

A matéria do JORNAL NACIONAL sobre a porradaria da última Marcha foi medonha.

Dizia o repórter: "A polícia teve de reagir com bombas e balas de borracha à provocação dos jovens..."

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Sem perceber [ou ideologicamente pronta para desconsiderar] a desproporção da ação, a EMISSORA, sempre ela, repetia os mesmos erros da cobertura das DIRETAS JÁ e IMPEACHMENT DO COLLOR.

Não aprendera nada nesses anos ou foi um deslize?

Não à toa, na PAULISTA, minutos antes, manifestantes gritaram: "Globo, vai tomar no ##!"

Aliás, o único incidente da passeata foi quando um anarquista bêbado chutou o carro da emissora.

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Lembrava o velho "o povo não é bobo, abaixo a rede Globo", dos anos 70, 80.

Achei que a geração que entoa "sai do chão quem não é polícia", e sai pulando como pipoca durante as passeatas, fosse mais tolerante com a emissora do que a minha.

Então, falei a frase  que talvez explique o fenômeno do novo século, o das redes sociais, que balançam os poderes de ditaduras árabes e países europeus sem o disparo de mísseis-, e podem mudar as forças de produção da informação, democratizar a notícia, lembrando que tal Marcha, como a Manifestação da Gente Diferenciadas em Higienópolis semanas antes, foi agendada pelo Face e Twitter:

"A imprensa agora são vocês."

A revolução será feiçada e tuitada.

Organizada por esta molecada aí:

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 Foto: Estadão

Com anarquia e gozação [inspirados num episódio de South Park]:

 Foto: Estadão
 Foto: Estadão

Com apoio dos SKINHEADS do bem e anti-racistas:

 Foto: Estadão
 Foto: Estadão

Com flores e poesia:

 Foto: Estadão

Bandiera rossa:

 Foto: Estadão

Apesar da polícia usar a mesma tática da época da DITADURA e cercar para constranger, quando proclama "defender" [é preciso atravessar o cordão de tiras para entrar na manifestação, como nos anos 70]:

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 Foto: Estadão

Sendo que alguns deles estão nos filmando, para identificar os terroristas perigosos perturbadores da paz:

 Foto: Estadão

Mas a foto do MARCOS ALVES/ O GLOBO prova que não são eles quem manda bater:

 Foto: Estadão
Opinião por Marcelo Rubens Paiva
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