Se Marina disputar eleição, governo terá que mudar tática do "nós contra eles"

Se for nomeada como substituta da Campos, Marina trará uma candidatura fora dos eixos tradicionais

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Por Marcelo de Moraes
Atualização:

Ainda sob forte impacto emocional da morte de Eduardo Campos, o PSB e sua candidata a vice-presidente, Marina Silva, sabem que o relógio eleitoral está correndo. Precisam decidir até os próximos nove dias se o partido se retira da disputa ou se efetiva Marina ou algum outro candidato no lugar de Campos. Enquanto essa decisão não é anunciada, os aliados da presidente Dilma Rousseff já se preparam para a entrada de Marina na campanha e para uma mudança completa de estratégia. No cenário anterior, a eleição estava polarizada entre Dilma e o tucano Aécio Neves. Esse era a situação considerada ideal pelos governistas, uma vez que reproduzia a situação das cinco eleições passadas, que opuseram tucanos e petistas na disputa direta pelo Palácio do Planalto. O cenário trazia um conforto para o modelo de campanha desejado pelos petistas. Com esse quadro, o discurso foi construído para comparar gestões de PT e PSDB, confrontando números, indicadores e visões de País. Sempre dentro do tema "nós contra eles", uma espécie de zona de conforto para os estratégicas petistas. Se for a candidata, Marina trará um potencial político de rompimento dessa lógica. Seu perfil se identifica com as críticas apresentadas nas manifestações de junho do ano passado e que estavam órfãos de candidatos no quadro anterior. Marina prega a nào política, criticando acordos políticos convencionais. Seus aliados se movem com grande desenvoltura pelo campo das redes sociais e ela traz para o debate um discurso que inclui ambientalismo, desenvolvimento sustentável e novas práticas políticas. Agrega ainda voto conservador por ser evangélica. Em compensação, é vista com desconfiança pelo mercado e com imensa preocupação pelo setor do agronegócio. Como Campos, Marina é uma dissidente dos governos petistas. Depois de ter sido ministra do Meio Ambiente com Lula, Marina tem criticado diretamente o atual modelo de governo. Em 2010, pelo PV, teve apenas um minutos de televisão para fazer campanha e somou quase 20 milhões de votos. Se conseguirá ampliar esse cacife, ainda é um mistério. Mas para que essa resposta surja, PSB e Marina precisam tomar a decisão sobre seu futuro político na disputa presidencial.

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