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PT e PSDB deflagram guerra pelo eleitor mineiro

A disputa pelos 15 milhões de eleitores de Minas Gerais foi deflagrada ontem pelo senador mineiro Aécio Neves (PSDB) e pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em nome de sua candidata à presidente petista Dilma Rousseff. Os dois estiveram ontem no Estado fazendo campanha e abrindo fogo um contra o outro porque sabem que, pela primeira vez desde a eleição de 1998, o cenário de disputa não será mais harmonioso.

Por Marcelo de Moraes
Atualização:

Os números mostram que Aécio e seus principais aliados têm sido os campeões absolutos de votos no Estado. Só que esse poderio nunca foi repassado para os candidatos presidenciais do PSDB, a partir de 2002. Pelo contrário. Mesmo sem o apoio declarado de Aécio, o eleitor local cansou de votar no senador para o governo e depois para o Senado, mas desvincular a candidatura presidencial da chapa tucana. Ou seja, votou no PSDB para o governo e Senado mas na hora de escolher quem ocuparia o Palácio do Planalto preferiu indicar Lula duas vezes e Dilma uma vez.

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Tucanos paulistas chegaram a criticar Aécio pelo problema, que acabou contribuindo para as derrotas de José Serra em 2002 e 2010 e Geraldo Alckmin em 2006. Aécio sempre rebateu as críticas e negou a falta de empenho.

Agora, com seu nome na urna eleitoral na disputa para a Presidência, a conversa é outra. O eleitor mineiro terá pela primeira vez a opção de votar no político que venceu ou fez o vencedor de todas as eleições disputadas para o governo nesse século.

Isso muda radicalmente o quadro nacional. Vejam os números:

Em 2010, Dilma terminou o primeiro turno em primeiro lugar com 47,6 milhões de votos ou 46,9% dos votos. Serra teve 33,1 milhões, ou 32,6% e também chegou ao segundo turno.

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Em Minas, Dilma foi a mais votada no primeiro turno com 5 milhões de votos, enquanto Serra teve 3,3 milhões.

Quando se compara com os votos da eleição para o governo, as coisas mudam e a desvinculação da candidatura tucana nacional da regional fica evidente.

O candidato tucano ao governo, Antônio Anastasia, foi eleito já no primeiro turno, com 6,2 milhões de votos. São quase 3 milhões de votos a mais do que Serra conseguiu dos eleitores mineiros no primeiro turno.

O próprio Aecio, que disputava uma das duas vagas para o Senado, teve estrondosos 7,5 milhões de votos (era possível votar em dois candidatos).

Se essa conta de 2010 for mantida e a popularidade de Aécio entre os mineiros ainda estiver em alta, a candidatura de Dilma à reeleição enfrentará um sério problema. Ela bateu Serra em Minas, em 2010, por uma diferença de 1,7 milhão de votos, ou 16 pontos percentuais. É uma diferença importante, especialmente porque ajudou Dilma a compensar a desvantagem que poderia ter em São Paulo, tradicionais reduto eleitoral do PSDB.

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Por conta disso, PT e PSDB já botaram seu bloco na rua em Minas. Lula sabe que uma derrota expressiva em Minas poderá ser decisiva para as pretensões de Dilma na busca pela reeleição. Por isso, quer repassar seu prestígio para Dilma e tentar equilibrar a disputa local.

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