Fortalecida por pesquisa, Marina passará a ser criticada por PT e PSDB

Adversários vão tentar desconstruir imagem de ex-senadora falando sobre sua inexperiência como gestora e apontando problemas que podem ser causados na economia do País com sua vitória.

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Por Marcelo de Moraes
Atualização:

Na primeira pesquisa em que teve seu nome incluído como virtual candidata à Presidência pelo PSB, a ex-senadora Marina Silva mudou completamente o cenário eleitoral. Segundo pesquisa feita pelo Datafolha com Marina já no lugar do falecido candidato Eduardo Campos (PSB), ela já aparece em empate técnico com o senador tucano Aécio Neves no primeiro turno e na mesma situação num eventual confronto no segundo turno com a presidente Dilma Rousseff (PT). Esse cenário não deixa dúvidas: PT e PSDB deflagrarão, a partir de agora, ofensivas para desconstruir a nova adversária e reduzir sua força eleitoral. Segundo o Datafolha, no primeiro turno, Dilma se mantém em primeiro com 36%, mas Marina aparece com 21% e Aécio fica com 20%. O crescimento da ex-senadora se dá em cima de eleitores que pretendiam anular ou voto ou estavam indecisos em quem votar. No segundo turno, Marina aparece até na frente de Dilma, com 47% a 43%, mas em situação de empate técnico no limite. Os números indicaram o que as campanhas de Dilma e Aécio previam: com a morte de Eduardo Campos, a opção do PSB por Marina alteraria radicalmente o quadro eleitoral e provocaria riscos para as duas candidaturas consolidadas de PT e PSDB Agora, o risco passa a ser real. Aécio é quem se vê envolvido com o primeiro ataque mais direto, já que passa a correr perigo de não chegar ao segundo turno. Mas os aliados de Dilma sabem que não poderão assistir passivamente o crescimento de Marina sem agir, sob pena de também serem derrotados mais à frente. Assim, a estratégia de desconstrução da adversária do PSB já começa a ser estruturada. Obviamente, será feita de forma cuidadosa, respeitando o momento delicado que a candidatura adversária atravessa, com a morte trágica de Eduardo Campos. Os tucanos sabem que existe um fator com o qual é muito dificil de lidar que é a emoção pela morte do ex-governador pernambucano e a transferência de seu legado para Marina, com a participação direta de seus familiares. Contra isso os tucanos sabem que há pouco a fazer. O alvo, no primeiro momento, será mostrar que Marina tem pouca experiência administrativa, ao contrário do candidato tucano, governador por oito anos em Minas Gerais. A resistência do agronegócio, do mercado financeiro e da indústria a Marina também será explorado. Durante sua passagem pelo Ministério do Meio Ambiente, Marina se indispôs com o agronegócio em vários momentos, sendo o mais visível durante a disputa pela liberação de plantios transgênicos no Brasil, em 2003. Não é a única restrição do setor, que a critica por supostamente colocar entraves ambientais na expansão da agricultura nacional. Outro ponto, que já tem sido discutido por petistas, é a dificuldade que Marina sempre colocou na liberação de licenciamento ambiental para empreendimentos de interesse da economia, como a construção de usinas e estradas. No momento em que o governo tenta melhorar a infraestrutura do País, o plano será mostrar Marina como uma adversária das medidas necessárias para o crescimento. Tucanos e petistas também contam com a melhor organização de seus palanques regionais para conter o crescimento da nova adversária. Querem também aproveitar a rodada de debates e de horário eleitoral para mostrar supostas limitações da campanha de Marina. Ainda é cedo para saber se essas táticas de desconstrução vão funcionar. Mas petistas e tucanos sabem que, a partir de agora, não há mais dúvida quanto a realização de um segundo turno e que existe uma chance real de Marina se tornar a próxima presidente do Brasil.

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