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Cinema, cultura & afins

Opinião|Minhas Tardes com Margueritte

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Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

O panorama de Minhas Tardes com Margueritte, de Jean Becker, é uma França interiorana, na qual as pessoas ainda têm tempo para conversar e fazer de um bistrô um ponto comum de sociabilidade. Idealização? Pode ser. Mas em cidades pequenas isso ainda é possível mesmo.

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De qualquer forma, nem se trata de cobrar algum realismo a uma história que se coloca em patamar diferente. O tema principal de Minhas Tardes - e aqui estaria a sua idealização - é a capacidade de a cultura  fazer as pessoas melhores. Em especial, a cultura livresca, que muita gente teima em classificar como em via de desaparição.

Na história, Germain é um feirante de poucas luzes que, por acaso, faz amizade com a idosa Margueritte (Gisèle Casadesus). Conversa vai, conversa vem, ela o convence a se iniciar nas artes da literatura. Como ele não tem prática, ela começa a ler em voz alta. A escolha é boa: nada menos que A Peste, de Albert Camus. E Margueritte mostra como a alta literatura pode ser bem recebida mesmo por um homem pouco cultivado.

Claro que o filme tem alguns escorregões melodramáticos, pequenos, que não comprometem sua beleza singela. Há, sim, um olhar generoso de Becker sobre a cultura humanística e seus efeitos benéficos sobre as pessoas, olhar que compensa de longe qualquer problema que o filme venha a ter. Boa leitura e relações humanas mais generosas - quem pode ser contra isso? Mas é claro que essa história em particular se sustenta porque ver Depardieu em cena é o máximo. E a Margueritte, de Gisèle Casadesus, revela-se simplesmente encantadora.

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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