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Uma geléia geral a partir do cinema

Junho

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Estou começando a achar que fazer inimigos é minha especialidade, mas, enfim, vamos lá. Tenho conversado com algumas pessoas - amigos, colegas - que me perguntam pelo blog. Eu, em geral, escrevo os posts e não me preocupo muito com o resto. Mas a insistência da cobrança me levou a '1investigar'. Os problemas, pelo que me contam, começaram com as mudanças no site do Estadão. O atalho para os blogs foi cortado, sei lá. E ontem, na reunião de pauta, Luiz Zanin me disse que os comentários sumiram. Andamos no escuro. Há dias que escrevemos sem a menor ressonância. Muito estranho, mesmo. Pegando carona ou desdobrando a frase inicial - fui ver ontem Junho, o documentário da Folha sobre as manifestações. Dada a minha pouca simpatia pelo jornal, gostaria de poder dizer que não gostei, mas estaria sendo desonesto comigo mesmo, e isso não sou. É bom. Não sei se é 'cinema'. Os críticos da 'casa' (de lá) vivem dizendo que as comédias brasileiras que arrebentam na bilheteria são televisivas, mas deram cotação alta para Junho - ou será que as estrelas vieram de cima? Fiquei curioso de saber quem fez a críticas, mas não vou procurar, claro. E, depois, o jornal sempre tem seus buldogues. Houve até aquele acadêmico que escreveu no caderno sobre os 50 anos do golpe que, se carros do jornal foram usados para dar sustentação à tortura durante a ditadura militar, a direção não saboia. Não sei o que é pior - se fazer por ideologia, ou por omissão. Mas, enfim, minha dúvida agora é - Junho me pareceu muito mais (no formato, na urgência, na música sampleada, ou que assim me soou) um ótimo programa de TV, uma grande reportagem que poderia muito bem estar sendo veiculado na TV Folha. Não precisava de tantas salas em horário integral no circuito de Adhemar Oliveira, que, em contrapartida, trata Ana Carolina a pão & água. Uma sala, um horário para A Primeira Missa, que é, estou disposto a brigar por isso, cinema, e muito bom. Adhemar está fazendo média com a concorrência? Pode ser. Ontem, comentei isso com um povo de cinema e me responderam - faz um filme para ver quantas salas ele te dá. He-he. Mas, de volta a Junho, o 'especial' é bem editado e dá uma visão abrangente, 'jornalística', do que foram as manifestações de junho, e de seu alcance e significado. Analistas da casa (Contardo Calligaris, Jânio de Freitas etc) levantam questões muito interessantes. E o bravo senador gaúcho Pedro Simon faz, no Congresso, a autocrítica da classe política, porque, apesar das acusações de que os protestos foram invadidos e possuídos por baderneiros, havia, com certeza, muita legitimidade e sinceridade ali dentro. Mas a questão permanece - é cinema, não é cinema? A se julgar pelos créditos, não. Os nomes de Otávio Frias e do diretor comercial da Folha têm a mesma importância do diretor nos créditos finais. Mal comparando, seria como se, no desfecho do Amazing Homem-Aranha 2, o nome do dono da Sony, que nem sei quem é, disputasse o holofote com Marc Webb. Não éramos muito na sala do Frei Caneca. Meia-dúzia de pessoas. Até queria trocar uma ideia com aqueles jovens (eram jovens). Mas saíram antes que eu. Queria ver o nome da música final, mas não consegui identificar.

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