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Uma geléia geral a partir do cinema

Festival do Rio (2)

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

RIO - Espero começar a melhorar para que o Festival do Rio de 2014 deslanche na minha vida. São 21 mostras e tem coisa pra burro para (tentar) ver. Por exemplo, há uma mostra - A América Maldita de Michael Cimino - que está exibindo a íntegra da obra do diretor. Já exibiu O Franco Atirador e apresenta hoje O Portal do Paraíso, western desmistificador que entrou para a história com a fama de ter sido o filme levou à bancarrota a empresa United Artists. Outra (mostra), 6 x Roberto Rossellini, exibe filmes restaurados (pela Cineteca de Bolonha) e começou com seu documentário Índia, que nunca vi e passou ontem na hora do meu debate. Vou tentar recuperar. No Rio Market, encontrei-me com Gale Anne Hurd e foi uma conversa nem bacana. Ex-mulher (e produtora) de James Cameron e Brian De Palma, ela hoje produz Walking Dead na TV, participando do boom da mídia. Externei meu ponto de vista - acho muito engraçado quando dizem que a televisão é onde está, atualmente, a criatividade no audiovisual dos EUA. Mas a TV não privilegia os autores. O produtor e o roteireista são mais importantes que o realizador. Oh, sim, eventualmente há um Tod Haynes, um Martin Scorsese, mas no geral é só o produtor, por exemplo JJ Abrams, Gale Anne Hurd. E isso é o retorno à Hollywood dos anos dourados dos estúdios. Ou seja, meio século (ou mais) de cinema de autor piorou no cinemão? Muito interessante. Gale começou com Roger Corman, que a apadrinhou e um dia lhe disse - 'Já lhe ensinei tudo o que podia. Comigo, você não vai poder crescer mais. Vá agora andar por conta própria.' Numa indústria machista, Corman foi pioneiro ao formar mulheres produtoras. E ele, o mestre do cinema barato, dizia que as mulheres são melhores para produzir. Já cuidam do orçamento doméstico, se amam o diretor vão fazer das tripas coração para expressar a visão (dele!) e ainda ganham menos. Gale contou tudo isso rindo. É ótima.

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