Foto do(a) blog

Uma geléia geral a partir do cinema

Enquanto isso, aí na Mostra...

PUBLICIDADE

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

BH - Apesar da procedência, vou falar da Mostra de São Paulo. Se estivesse aí, desistiria de toda novidade para rever hoje a trilogia das cores de Krzystof Kiewslowski. A Liberdade É Azul, A Igualdade É Branca, A Fraternidade É Vermelha. Juliette Binoche, Julie Delpy e Irène Jacob. Juliette perde marido e filho e está a ponto de se perder - como Emmanuelle Riva, folle d'amour, no porão da casa dos pais, em Nevers (Hiroshima, Meu Amor, de Alain Resnais). A liberdade absoluta não existe. Nossa existência é limitada pelo outro. A igualdade é outra quimera e a fraternidade? Uma utopia. Num mundo que ficava cada vez mais individualista - há 20 anos -, Kieslowski voltou-se para os ideais republicanos para, no limite, encarar o desafio da diferença. Do outro. O polonês humilhado pela mulher francesa e que só pensa em se vingar. O juiz penitente, Jean-Louis Trintignant, que se isola (como Juliette na Liberdade) para descobrir que isso não é uma solução. Muito além do fascínio dessas atrizes e mulheres maravilhosas - não posso ver Irène Jacob sem me lembrar de Walter Hugo Khouri, que a amava; era seu sonho de consumo, nunca realizado, filmar com ela; Khouri era louco por outro Kieslowski, A Dupla Vida de Véronique, também com Irène -, a trilogia tem a música de Zbigniew Preisner. Choro só de ouvir a sinfonia da unificação da Europa na Liberdade. Rever Kieslowski. Depois de Roberto Rossellini, sinto que é uma necessidade pessoal. O outro filme que gostaria de rever - hoje - foi um filme do qual não gostei muito, quando o vi em Cannes, em maio. Meu amigo Dib Carneiro viveu sua experiência no tapete vermelho cannois durante a montée des marches de Acima das Nuvens. Estou escrevendo certo - em outro post, no outro dia, falei em 'Além' das Nuvens. Dib gostou muito mais que eu do filme de Olivier Assayas com Juliette Binoche, Kristen Stewart e Chloe Grace Moritz. Dei o desconto de que Assayas, afinal, filma os bastidores do teatro, que é a praia do meu amigo. Mas, gostando muito (ou não), Acima das Nuvens ficou comigo e é um filme no qual me pego pensando. E, por isso, quero revê-lo. Convidado para a Mostra CineBH, Assayas declinou. Está filmando nesse momento. A boa nova é que teremos Assayas em Cannes, no ano que vem. Ou em Veneza.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.