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Uma geléia geral a partir do cinema

E a Branca de Neve, hein?

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Vivi ontem experiências estéticas bem interessantes. À tarde, fui ver 'Branca de Neve e o Caçador' e, à noite, o 'Macbeth', de meu amigo Gabriel Villela, com o poderoso Marcelo Anthony. Rupert Sanders assina o filme que se baseia na história compilada pelos Irmãos Grimm. Gostei bastante da releitura feita pelo diretor e ouso dizer que é o melhor papel de Charlize Theronb, o que inclui aquele Oscar dela - que nunca engoli - e o Ridley Scott, 'Prometheus', que estreia sexta-feira. A proposta é realmente épica e os personagens tradicionais ganham novo sentido na trama, que chega a ser surpreendente pela inserção dessas figuras sob outro viés. Os anões, por exemplo. Mas o conflito se dá entre a heroína e a madrasta, entre Kristen Stewart e Charlize Theron. 'Espelho, espelho meu, diga se há no mundo alguém mais bela que eu...' Por mais gracinha que seja a garota de 'Crepúsculo', nenhum espelho seria louco de negar que Charlize é mais bela que Kristen, mas a narrativa frornece uma explicação bem razoável. A mágica que fez de Charlize uma mulher bela e invencível está se voltando contra ela, e Branca de Neve poderá destrui-la. Rupert Sanders leu a interpretação psicanalítica dos contos de fadas por Bruno Bettleheim e trabalha nesse segundo nível - adulto - da história. As crianças podem se divertir, mas os adultos se divertem mais ainda com a heroína guerreira, até porque, lá pelas tantas, Branca de Neve ganha outro salvador (a história do beijo...) e fica dividida entre o príncipe e o lenhador, interpretado pelo cavalão Chris Hemsworth, o Thor. Achei tudo muito engenhoso, criativo, mas confesso que o filme tem ação demais e eu gostaria que fosse um pouquinho menos frenético, para que nós, o público, tivéssemos tempo de digerir tanta reflexão, embora, nesse caso, para dizer a verdade, 'Branca de Neve' talvez não agradasse ao público alvo.

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