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Uma geléia geral a partir do cinema

500 dias com ele

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Teria de pesquisar para ver, exatamente, quando fui a Los Angeles para visitar a ilha de edição de O Espetacular Homem Aranha. Tive oportunidade, integrando um grupo de jornalistas de todo o mundo, de entrevistar Andrew Garfield, Jamie Foxx, o diretor Marc Webb e o montador Pietro Scalia. Já conhecia Webb de outros carnavais, quando ele veio ao Rio para mostrar no festival 500 Dias com Ela, com Joseph Gordon-Lewitt e Zoey Deschanel. Ele explicou porque começa o novo Homem-Aranha com a cena inaugural de sua trilogia. O pai e a mãe de Peter Parker abandonam o garoto e partem num avião que sofre sabotagem e cai. Marc Webb admite que, apesar de sucesso, nunca ficou muito satisfeito com o filme, e a cena. Ele a refaz com qualidade superior e O Espetacular Homem-Aranha, que é mesmo espetacular, decola como uma tragédia, para logo virar uma fantasia teen, sobre a euforia com que o herói veste o uniforme e voa pelos ares, desfrutando de seus superpoderes. Alguns coleguinhas reclamaram que o filme é uma sessão da tarde e que a satisfação de Peter Parker como herói é contrária ao espírito do Homem-Aranha dos quadrinhos. Pode até ser, mas em termos de dramaturgia oferece o contraponto para o anonimato de Max e a forma como ele também vai virar Electro para se purgar de uma vida frustrada e sem atenção. A aparente leveza, a inocência - tudo isso era a intenção. Ao mesmo tempo que curte a nova vida, o herói vive sua primeira desilusão amorosa, convencido de que não poderá ficar com a mulher que ama. Emocionei-me demais com os arroubos juvenis de Andrew Garfield e Emma Stone, com a maneira como ele tenta se afastar dela - prometeu a seu pai, lembram-se? -, mas não consegue, daí o título que coloquei no post. O Fabuloso Homem-Aranha, neste sentido, não difere muito de 500 Dias, sobre o sentimento de plenitude de um adolescente e a perda que ele sofre. Peter/Homem-Aranha enfrenta Electro, mas o verdadeiro vilão é Harry Osborn, cujo pai destruiu o pai do herói e o filho agora precisa do seu sangue para tentar reverter o processo degenerativo que ameaça destrui-lo. A euforia vira tragédia no desfecho, o que promete um terceiro episódio muito sombrio. Amei. Estou cansado, paro por aqui. Amanhã cedinho, o Festival de Cannes anuncia os filmes da competição deste ano. Será a última seleção de Gilles Jacob, que abandona a presidência, mesmo que o diretor artístico seja Thierry Frémaux. Vamos ver o que nos reserva a próxima disputa pela Palma de Ouro. Para informação de vocês, acrescento que o Caderno 2 de amanhã traz na capa uma entrevista que fiz por e-mail com Gilles Jacob, em que ele conta tudo sobre seu meio século na Croisette, desde que começou como jornalista, em 1964.

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