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Tête à Tête é eloquente sem gritar

O Tête à Tête, em sua primeira investida, trazia algumas propostas à frente do seu tempo, na São Paulo de 2008. Cozinha de mercado e menus-confiança talvez soassem distantes do público. Somou-se a isso a localização, num imóvel meio imperceptível em Higienópolis; e, em especial, uma concepção gustativa que privilegiava mais a sutileza do que o arrebatamento. Achismos do crítico à parte, o projeto teve vida curta. E, até por isso, seu retorno em 2015, em versão aprimorada, torna-se ainda mais interessante.

No ponto. O javali é tenro, sem contudo nos negar o prazer da mordida. FOTO: Divulgação

O mestre-cuca Gabriel Matteuzzi continua no comando, agora dividindo fogões e sociedade com Guilherme Vinha (eles foram colegas no D.O.M.). Mas, desta vez, o novo Tête à Tête ocupa uma casa bem montada, na Rua Melo Alves, com atenção aos detalhes arquitetônicos ? decorativos e funcionais. Uma infraestrutura que permite aos chefs o exercício de uma culinária de minúcias, rigorosa na matéria-prima e perfeccionista na apresentação. E que mantém a característica da delicadeza, de uma cozinha que não grita. Embora seja eloquente. O cardápio é curto, concentrado em produtos sazonais, de pequenos fornecedores. Em três visitas, comi praticamente a lista inteira ? e foi tudo bastante bom. Exemplos? Repare no creme de cenoura com espuma de pequi, entrada do menu executivo (R$ 50), leve, melífluo, com o pequi sabiamente adicionado (ele demora a surgir, mas chega). Ou, falando ainda de entrantes, nas cucurbitáceas (R$ 35), com abobrinhas e congêneres viçosos e crocantes, dispostos como a evocar o gargouillou de jeunes légumes de Michel Bras (com quem Matteuzzi trabalhou longamente). Ou no ceviche de frutos do mar, com leche de tigre de tucupi e maracujá (R$ 42). E, principalmente, na deliciosa terrine de foie gras (R$ 45) com sua não menos empolgante compota de lichia. Os principais, por sua vez, destacam os ingredientes centrais. Seus acompanhamentos dão contraste, outras texturas, para que a composição final se produza a cada garfada, na própria mastigação. O beijupirá (e seu caldo) em crosta de farinha uarini (R$ 45) revela todo o frescor do peixe. O javali (R$ 72, carré ou lombo, conforme a disponibilidade) é tenro e, no entanto, não nos nega o prazer da mordida. A costela bovina (R$ 68) braseada, por si só apetitosa, vem com uma sedosa manteiga de mandioquinha. Os doces, por fim, não deixam o nível cair, seja na torta de chocolate 70% (R$ 35), quase ofuscada pela qualidade do creme de laranja e do sorbert de cacau com flor de sal; na multitexturizada maçã (R$ 32), servida com sorvete de calvados; ou na dupla de cilindros (R$ 30), de massa finíssima e crocante, recheados com creme de baunilha e creme de iogurte.

Por que este restaurante?

É uma boa novidade.

Vale?

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O executivo custa R$ 50 e inclui do couvert (com água) ao café. À la carte, gasta-se entre R$ 100 e R$ 150 numa refeição, sem bebidas (há duas degustações, de R$ 200 e R$ 280). A carta de vinhos, elaborada por Daniela Bravin, tem boa diversidade e a vantagem de preços possíveis.

SERVIÇO |

Tête à Tête

Onde:

R. Melo Alves, 216, J. Paulista

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Tel:

3085-2935 e 3796-0090

Quando:

12h/15h e 19h/0h (fecha dom. e 2ª)

Cc.:

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todos

Estac.:

manob. R$ 20.

Ciclorrota:

Al. Lorena.

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Metrô:

Paulista (850 m)

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