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Relação entre equipe e fornecedor da unidade motriz será bem mais profunda, e cara, que hoje

30/V/13 Nice

Por liviooricchio
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Agora só faltam as equipes Marussia e Caterham confirmarem a unidade motriz do ano que vem. As demais dez equipes já anunciaram. A última foi hoje, embora desde o fim de semana, em Mônaco, já se soubesse: a Williams vai correr com motor turbo V-6 de 1,6 litro e dois motores elétricos (Kers - sistema de recuperação de energia) da Mercedes.

A melhor escuderia dos anos 90 na Fórmula 1 deixa, assim, o motor Renault, utilizado desde o ano passado, para receber a complexa tecnologia de 2014 da Mercedes. Com a montadora francesa a Williams foi campeã em 1992, Nigel Mansell, 1993, Alain Prost, 1996, Damon Hill, e 1997, Jacques Villeneuve, sob o comando técnico de Adrian Newey, atual diretor técnico da Red Bull.

Será a quinta troca de motor desde o fim de 2005, quando a BMW deixou o time. Em 2006 competiu com Cosworth, de 2007 a 2009, Toyota, 2010 e 2011 Cosworth novamente e na temporada passada e esta, Renault. A partir de 2014, Mercedes.

A cada mudança é preciso rever profundamente o carro e não permite aos engenheiros dar continuidade ao desenvolvimento dos conceitos básicos do projeto. Dentre as razões para a Williams deixar de ser uma equipe grande está essa inconstância quanto ao fornecedor de motor. O problema já havia sido sinalizado pelo ex-diretor geral da Williams, Sam Michael, hoje diretor esportivo da McLaren.

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"Não mais falamos motor na Fórmula 1, mas unidade motriz", explica Charlie Whiting, diretor de prova e responsável pela área técnica da FIA. Em 2014, os carros terão um limite de consumo de combustível nas corridas de 100 quilos, cerca de 120 litros, enquanto hoje os carros começam as provas com algo como 180 litros ou 150 quilos. Com a pressão do turbo limitada também, haverá uma perda de potência em relação aos 720 cavalos de hoje.

É aí que entram os dois sistemas de recuperação de energia, Kers. Agora, disponibilizam cerca de 80 cavalos extra de potência por cinco segundos a cada volta. Em 2014, serão quase 200 cavalos e por 30 segundos.

"Obviamente há um custo em termos de projeto com tudo isso. O volume desses três motores mais as baterias das duas unidades elétricas é grande. Em comparação ao que temos hoje, em termos de massa, pularemos dos 90 para os 150 quilos", explicou Newey. "Tem sido um desafio enorme para os engenheiros viabilizar esses sistemas e como instalá-los no carro", comentou, ao Estado, Nielsen.

"A forte interação com o fornecedor da unidade motriz já começou há algum tempo, continuará até os primeiros testes e ao longo do campeonato de 2014. Todos têm e terão ainda tudo a aprender." E Nielsen foi contundente: "Será preciso um orçamento elevado para desenvolver tanta tecnologia cara".

Apenas três fabricantes de automóveis vão produzir unidades motrizes para a Fórmula 1 em 2014: Mercedes, Renault e Ferrari. A Honda confirmou sua volta à competição a partir de 2015 como parceira, a princípio, apenas da McLaren. Até agora, a Mercedes já anunciou o fornecimento de sua unidade motriz em 2014 para sua própria escuderia, claro, Force India, McLaren e Williams.

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A Renault para a Red Bull e a Toro Rosso. É provável que mantenha a Lotus e a Caterham. Já a Ferrari por enquanto está com seu time e a Sauber. O acordo com a Marussia, no entanto, parece iminente.

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A Renault é quem mais vai cobrar pelo powertrain, ou unidade motriz, 20 milhões de euros. A Mercedes colocou o seu pacote no mercado ao preço de 18 milhões e a Ferrari, 16 milhões. Os valores representam entre 20 e 40% a mais do pago pelas equipes a seus fornecedores.

"Creio que um dos maiores desafios que temos é conceber e produzir esses motores praticamente sem treinos nas pistas e cada piloto poder utilizar somente 5 motores ao longo do campeonato de 20 etapas. Hoje são 8 motores e a tecnologia dos aspirados V-8 de 2,4 dominamos há tempos. Raramente vemos um motor apresentar problemas. Na nova era turbo quase tudo é novidade", explicou em Barcelona, ao Estado, Luca Marmorini, responsável pela área de motores e eletrônica da Ferrari.

Os engenheiros que coordenam o projeto das unidades motrizes pressionam seus chefes de equipe para haver mais treinos além dos 12 dias de pré-temporada, apenas, como medida para conter custos. "Vamos ter mais dias de testes, mas não chegamos a uma unanimidade sobre quando fazer, onde fazer e quantas sessões mais", explica Stefano Domenicali, diretor da Ferrari.

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