O bundão está a 2 pontos de Hamilton

PUBLICIDADE

Por liviooricchio
Atualização:

07/IX/08 Livio Oricchio, de Spa

PUBLICIDADE

"Não arrisquei, realmente parecia um bundão guiando, mas valeu a pena ter pensado dessa maneira", disse ontem Felipe Massa, logo depois de sair molhado da sua Ferrari, no espetacular circuito de Spa-Francorchams, e ser até então o segundo colocado. Lewis Hamilton havia recebido a bandeirada do GP da Bélgica em primeiro. A história da tumultuada 13ª etapa do campeonato está só no início.

Pois foi esse estilo "bundão", oposto ao que sempre o caracterizou, que deu a Massa, ontem, a vitória e, mais que isso, o deixou a apenas dois pontos do líder do Mundial, Hamilton (76 a 74), terceiro com a penalização imposta pelos comissários, ontem. O inglês da McLaren cortou a chicane a duas voltas do fim e ao entrar mais rápido na reta dos boxes ficou mais fácil ultrapassar Raikkonen, primeiro colocado àquela altura, na curva sequinte, a La Source. Massa vinha em terceiro.

A assessoria de imprensa da Ferrari não emitiu nenhum comunicado com declaração de Massa a respeito da mudança do resultado, que o lança definitivamente com sério candidato ao título de campeão do mundo. Sobre a manobra que gerou a punição a Hamilton, Massa comentou depois da cerimônica do pódio: "Não posso dizer nada, não vi, prefiro pensar na próxima corrida", falou.

E a prova será domingo, em Monza, na casa da Ferrari, diante de certamente milhares de entusiasmados torcedores, carregados pelo desejo de ver seu já ídolo Massa poder assumir a liderança do Mundial. "Tomara tenha mesmo essa força externa a mais, ajuda", afirmou Massa, sem saber que seria oficalizado vencedor às 17h55, cerca de duas horas e meia depois de encerrada a competição.

Publicidade

O mais curioso é que o GP da Bélgica, não fosse a chuva nos momentos finais e a disputa intensa pelos primeiros lugares nas duas primeiras voltas, seria lembrado como uma corrida sem maiores emoções. Hamilton aproveitou-se bem da pole position e assumiu a ponta. Massa cometeu erro de avaliação da condição do asfalto e perdeu o segundo lugar para Raikkonen na reta.

No início da segunda volta, Hamilton atravessou a McLaren na La Source e Raikkonen passou para a ponta. Pronto, a ordem Raikkonen, Hamilton, Massa não se alteraria até a inconstância do tempo na região das Ardenas manifestar-se na 39ª volta e reduzir a aderência do asfalto. As cinco voltas finais foram eletrizantes.

"Eu passei na volta de apresentação na Eau Rouge (famosa e veloz curva) e me pareceu ter mais água do que de fato existia", explicou Massa, para justificar a facilidade de Raikkonen ganhar o seu segundo lugar. "Ele me passou na reta, estava bem mais rápido porque eu tirei o pé na Eau Rouge." Massa não deixou de criticar o companheiro. "Não entendi ele me fechar daquela maneira, sabia possuir bem mais velocidade."

Em nenhum momento Massa deu mostra de poder atacar Raikkonen ou Hamilton. Já nas últimas duas etapas, Budapeste e Valência, a liderança do piloto da Ferrari não foi sequer ameaçada. "Aqui escolhemos um acerto com menos pressão aerodinâmica, o que com o vento forte de hoje prejudicou o equilíbrio do carro". O fato de ser a segunda corrida do seu motor, como exige o regulamento, não o preocupou. "Minha 7ª marcha ficou curta, até abusei um pouco do motor porque trocava marcha sempre no limitador de giros (19 mil rpm)." No veloz GP da Itália correrá com motor novo.

Raikkonen finalmente voltou a ser o extraordinário piloto que o levou, com méritos, ao título ano passado. Largou em quarto e no começo da segunda volta já liderava. E permaneceu em primeiro até a 42ª volta quando Hamilton, ilegalmente, segundo os comissários, o ultrapassou. O finlandês ficou inconformado. Com o asfalto molhado, os dois realizaram um duelo alucinante. "Vi os dois brigando como se fosse a última volta da última corrida do campeonato", falou, impressionado, Massa.

Publicidade

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

Ambos se envolveram em situações de risco, saíram e voltaram da pista até o finlandês bater pouco antes da chicane na penúltima volta. "Para mim não interessava o segundo ou o terceiro lugar. Precisava da vitória e foi para isso que larguei", afirmou Raikkonen, depois. Agora sua situação no Mundial se complicou porque perdeu até o terceiro lugar. Hamilton soma 76, Massa 74, Robert Kubica, BMW, sexto ontem, 58, e Raikkonen, 57.

O finlandês ficou a 17 pontos de Massa e 19 de Hamilton, restando cinco provas para o encerramento. Se as condições permitirem, a Ferrari solicitará que Kimi o auxilie na disputa com Hamilton? A pergunta foi feita em várias línguas a Massa: "Não é para mim que deve ser dirigida. Tenho o maior apoio da equipe e confio 100% que farão de tudo para eu ser campeão." E se depender de maturidade, o desempenho de Massa ontem, no desafiador circuito belga, o coloca no mínimo com as mesmas possibilidades de Hamilton.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.