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Alonso, exclusivo, diz que a F-1 é, por vezes, frustrante

21/XI/13 São Paulo

Por liviooricchio
Atualização:

Olá amigos. Esses dias de GP do Brasil eu faço tantas coisas, na área editorial e administrativa, que acabo por não poder dar a atenção que gostaria ao blog. Nenhum post ficará sem resposta. Preciso apenas de um tempo. Hoje conversei com Fernando Alonso. Tenho evitado realizar entrevistas com mais dois ou três jornalistas de nações distintas. Seus interesses, em geral, são bem diferentes dos meus. Mas com Alonso, hoje, fiz uma exclusiva, assim como com Lewis Hamilton e Nico Hulkenberg. Por hora coloco no ar o texto que redigi depois da conversa com o espanhol. Ele está no ar também na edição impressa do Estadão e no portal www.estadao.com.br. Nos próximos dias virão os demais textos. Boa leitura. Abraços!

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O texto:

Sebastian Vettel é uma unanimidade na Fórmula 1. Venceu os quatro últimos campeonatos pela Red Bull com todos os méritos. Mas quando os carros deixarem os boxes, hoje, às 10 horas, para os primeiros treinos livres do GP do Brasil, em Interlagos, outro piloto gera nos profissionais da competição e em milhões de fãs no mundo todo o mesmo respeito dedicado a Vettel: Fernando Alonso, da Ferrari. Há até quem afirme que o espanhol é o piloto mais completo em atividade.

Nessa entrevista exclusiva ao Estado, Alonso falou sobre essa questão, ser considerado por muitos como o melhor, mas venceu seu último campeonato ainda em 2006, há sete anos, pela Renault. "Não tem outro remédio a não ser ter paciência. Às vezes é frustrante, às vezes considero normal. Há dias e dias. O que me resta é usar essa gana de ser campeão, essa raiva, no bom sentido, para trabalhar ainda mais e voltar a vencer", disse.

Em outra entrevista ao Estado, Alonso disse que será preciso esperar o momento em que a Red Bull não dará um supercarro a Vettel para todos conhecerem "quão bom é o alemão". Ontem, porém, defendeu o tetracampeão e usando como referência, surpreendentemente, o seu amigo, Mark Webber, companheiro de Vettel. Uma pergunta fica sempre no ar na Fórmula 1, a de quanto o fantástico carro que Adrian Newey, diretor técnico da Red Bull, entrega a Vettel pesa no tetra. "Webber com o mesmo carro não foi capaz de ganhar nenhum título, portanto está claro que Sebastian tem mérito por esses campeonatos."

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Quando acabar a corrida, domingo, Alonso terá disputado quatro temporadas pela Ferrari. Certamente imaginava já ter conquistado o título ao menos uma vez. E chegou perto, em 2010 e no ano passado, quando foi vice. Este ano fez duras críticas aos responsáveis pelo desenvolvimento do carro, no GP da Hungria, e criou uma crise na Ferrari. O foco agora é na próxima temporada. "Tenho de acreditar que a Ferrari vai produzir um bom carro para 2014."

A pergunta é inevitável: e se não for? Há o risco grande diante da mudança radical do regulamento de uma equipe conceber um carro muito mais eficiente que as demais. "Paciência (expressão de quem está apreensivo). Farei como este ano. Quando vimos que Sebastian seria campeão, tivemos de colocar como objetivo terminar em segundo, eu e a Ferrari." Quem conhece Alonso de perto sabe que abdicar compulsoriamente de lutar pelo título o transforma. Vai contra os seus instintos, razão de retaliar os responsáveis pela área de projeto do time e ser chamado atenção publicamente pelo presidente da Ferrari, Luca di Montezemolo, depois do GP da Hungria.

A partir daí passou a se referir à escuderia como antes, o grupo ganha e perde junto. Sobre esta temporada, por exemplo, mais uma em que teve de assistir a Vettel passear na pista a partir do GP da Bélgica - já são oito vitórias consecutivas, 12 no ano -, Alonso comentou: "Tenho de ver as coisas de maneira global e esportiva. Se merecidamente ou não o pacote Alonso-Ferrari não foi suficientemente bom para vencer a associação Vettel-Red Bull, tenho de tentar, agora, em 2014".

Ainda que o potencial de cada modelo novo seja desconhecido, há um aspecto que anima Alonso em relação ao ano que vem. A responsabilidade do piloto no resultado deverá ser maior, segundo explica. "Algumas decisões caberão a nós pilotos tomarmos, teremos de tomar certas iniciativas, sem tanta interferência dos engenheiros ou da eletrônica." O piloto não tem dúvida: "Exigirá maior preparação".

Esse espanhol de 32 anos, nascido em Oviedo, não fala de sua vida pessoal normalmente. Aceitou, contudo, explicar por que tornou-se um homem tão mais feliz nos últimos dois anos, a ponto de viver intensamente as mídias sociais e fazer uma tatuagem de dimensões generosas nas costas. É um comportamento oposto ao conservadorismo até então demonstrado. "Você se torna mais maduro, experiente, passa a valorizar mais algumas coisas e menos outras."

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E aborda até mesmo a relação com a namorada, a bela modelo russa Dasha Kapustina. Os dois não escondem a paixão recíproca. "Dasha é uma pessoa importante, minha companheira. Fora dos dias de trabalho estamos sempre juntos." A família deverá crescer. "Mas não por hora. No futuro, 100% sim."

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Em 2014 o companheiro de Alonso será Kimi Raikkonen. "Não conversei com ele, ainda. Sei que tem uma personalidade bastante reservada, talvez me relacione menos do que com Felipe, com quem mantenho uma relação de amizade." O anúncio de que Raikkonen substituiria Massa foi feito em setembro e até agora nem Alonso nem o finlandês trocaram uma única ideia sobre compartilhar os trabalhos na Ferrari.

"Mas acredito que teremos uma relação de respeito mútuo." Não há como não lembrar Alonso de que sua fama é de produzir o máximo se a equipe trabalhar em função dele. Ouviu o que não deixa de ser uma caricatura agressiva de seu caráter mas respondeu com elegância. "Como sempre, cada vez que mudo de equipe ou vivo nova realidade (como novo companheiro) depois de três ou quatro meses já começam a dizer que quero o time trabalhando para mim", falou.

"Quem conquista o seu espaço é você, fazendo um grande trabalho, tanto dentro como fora das pistas. Vamos ver como será em 2014. Oxalá eu esteja acima dele."

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