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A Williams de 2014 será a Ferrari de 2008 para Massa

13/XI/13 São Paulo

Por liviooricchio
Atualização:

Olá amigos. Como o blog voltou ao ar ontem, terça-feira, acho válido ainda abordarmos a ótima notícia da contratação de Felipe Massa pela Williams.

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A melhor temporada de Massa na Fórmula 1 foi em 2008. Se Lewis Hamilton, da McLaren, não tivesse ultrapassado Timo Glock, da Toyota, na última curva, na última volta, da última etapa do campeonato, quando chovia torrencialmente, para terminar o GP do Brasil em quinto, o campeão teria sido Massa, vencedor da prova. O título ficou com Hamilton por um ponto, 98 a 97.

O que há em comum entre 2008 e 2014 para Massa? A função que vai exercer na equipe: líder. Em 2008, o seu companheiro na Ferrari era Kimi Raikkonen, que havia sido campeão no ano anterior, pela escuderia italiana também. E segundo mais de um de seus integrantes disse ao Estado, o finlandês perdeu o rumo, não tinha a mesma concentração de 2007. "Massa passou a ser a referência do grupo, o piloto que indicava a direção a ser seguida no desenvolvimento do carro." Os italianos sabiam que resultado mesmo, capaz de levar a Ferrari poder lutar pelo Mundial, viria de Massa e não de Raikkonen.

No ano que vem o parceiro de Massa será outro finlandês, Valtteri Bottas, 24 anos, mas profundamente estimulado, pois disputará a sua segunda temporada, apenas. Mas 2014 será um ano anormal na Fórmula 1. Nunca a mudança técnica foi tão radical. Os 191 GPs que Massa terá no início de 2014, o vice de 2008, as 11 vitórias e 15 poles vão ter grande peso para a Williams. Bottas é talentoso e pode até ser um adversário para Massa. É o que se espera. Mas certamente o finlandês terá muito o que aprender com Massa, bem como a Williams ouvirá bastante o seu piloto.

A autoconfiança de Massa vai estar no nível mais elevado, ao menos no começo da temporada, como esteve em 2008. Resgatará o período que exercia as mesmas funções na Ferrari e sua velocidade e constância eram notáveis. Bem poucos são capazes de lutar pelo título com um piloto do talento de Hamilton, como fez Massa, e quase vence, em 2008.

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Na atual temporada sua performance cresceu bastante depois de se sentir livre de primeiro atender os interesses de Fernando Alonso depois o seu. O aspecto psicológico é fundamental na Fórmula 1. "O melhor para Felipe foi sentir-se desejado", disse ao Estado seu empresário, Nicolas Todt. Na Ferrari desde 2010, ano da chegada de Fernando Alonso, sempre foi preterido.

Orçamento, um problema

Vale lembrar que apesar de perder o importante investimento da PDVSA, a estatal de petróleo venezuelana, levada por Pastor Maldonado, a Williams não exigiu patrocinadores de Massa. O que, com certeza, eleva ainda mais o moral do piloto. Em especial num instante como este da Fórmula 1, onde o dinheiro é escasso. Uma questão fica no ar, porém: não está claro de onde virá o dinheiro para a Williams disputar o próximo campeonato.

A saída de Pastor Maldonado não significa que a Williams não ficará com nada dos 32 milhões de euros (cerca de R$ 100 milhões) que a PDVSA investe lá. A demora nas negociações decorreu exatamente disso. Os profissionais da PDVSA acertaram com a Williams um valor a ser pago, pois o contrato se estendia até o fim de 2015. Com absoluta certeza parte desse dinheiro, referente a 2014, vai ficar na Williams.

No campeonato de construtores, outra fonte de receita, a Williams deverá terminar em nono, na frente apenas da Marussia e da Caterham. O que deverá lhe render da Formula One Management (FOM) não mais de 50 milhões de euros. Escuderias como Red Bull, Ferrari, Mercedes e McLaren vão investir pelo menos 250 milhões de euros (R$ 800 milhões) em 2014.

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A Williams não tem ainda um patrocinador principal, uma empresa que destine 30, 40 milhões de euros para a equipe. Conta, por enquanto, com parte do dinheiro da PDVSA, talvez 20, 25 milhões de euros, o que virá da FOM, cerca de 50 milhões, e o dos estimados 20, 25 milhões dos pequenos patrocinadores. Tudo isso leva a crer que a organização dirigida por Claire Williams, esta ainda muito inexperiente, procurará completar o orçamento com o campeonato em curso.

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Outra atmosfera

O ambiente na Williams no ano que vem, com o modelo FW36-Mercedes, provavelmente não terá nada a ver com o de hoje, em que tanto Pastor Maldonado quanto Bottas sabem de antemão que só se os pilotos da Toro Rosso, Sauber e Force India tiverem problemas poderão sonhar em marcar pontos.

A Williams está se reestruturando e a contratação de Massa faz parte do processo. Pat Symonds, campeão com a Benetton e a Renault, está reorganizando a área de projeto, essencialmente, maior dificuldade do time. Outro provável reforço é o inglês Rob Smedley, engenheiro de Massa na Ferrari. A Williams tem mais de 500 integrantes, suas dependências, onde há um túnel de vento de última geração, estão dentre as melhores da Fórmula 1. Frank Williams historicamente sempre investiu muito do que ganha na equipe.

Os homens que comandavam a área de projeto, como o esperado, não produziram nada de maior relevância. O inglês Mike Coughlan, por exemplo, diretor técnico, dispensado este ano, nunca assinou um único modelo eficiente quando coordenou um projeto. Na Benetton, McLaren e Ferrari sempre foi coadjuvante do staff técnico.

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Em resumo, as perspectivas para Massa e a Williams são positivas. A mudança do regulamento joga a seu favor por privilegiar organizações com engenharia avançada. Mas diante das inúmeras variáveis em 2014, bem como a sua extensão, ninguém em sã consciência pode afirmar nada. Não são poucos os que afirmam que a Mercedes está na frente de Renault e Ferrari com o seu V-6 Turbo. Aí cabe a pergunta: como saber se a condição de cada um é um segredo de estado?

Os engenheiros de Mercedes, Renault e Ferrari desconhecem o estágio dos dois concorrentes. Para alguém afirmar que um motor está hoje mais avançado que os outros dois é preciso saber seus parâmetros de performance. E quem tem contato com eles a não ser um grupo bastante restrito de técnicos? Apenas os ensaios práticos, a partir de janeiro, responderão quem realizou um melhor trabalho.

O momento da Fórmula 1, hoje, em relação a 2014, apenas permite supor, a partir dos elementos disponíveis, como talvez comece a próxima temporada. E tendo em vista o que a Williams tem feito, faz sentido, pelas razões expostas, dar crédito a equipe que já foi a melhor da década de 90 na Fórmula 1. Fica no ar, contudo, a questão do orçamento.

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