Venda de smartphone cai 13,4% em 2015

Crise econômica e aumento do preço dos aparelhos levaram fabricantes a desempenho negativo, que deve se repetir neste ano, segundo IDC

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Por Matheus Mans
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Tiago Queiróz/Estadão

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Após cinco anos consecutivos de expansão, o mercado brasileiro de smartphones encolheu 13,4% em 2015, em relação ao ano anterior, de acordo com estudo divulgado ontem pela consultoria IDC Brasil. A crise econômica e o aumento do preço dos aparelhos – resultado da alta da inflação e da instabilidade do dólar – foram os principais fatores que influenciaram o desempenho.

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Em 2015, as fabricantes venderam pouco mais de 47 milhões de smartphones em todo o País – no ano anterior, o número havia chegado a 54,5 milhões de unidades. No caso dos celulares comuns – sem acesso à internet – a queda foi de 74%, com apenas 4,2 milhões de unidades vendidas. Neste último caso, porém, a culpa não é só da crise, mas da migração dos usuários para smartphones.

“O mercado começou a desandar no segundo trimestre de 2015 e, desde então, a queda foi contínua”, disse o analista de pesquisas da IDC, Leonardo Munin, ao Estado. “As pessoas estão esperando mais para trocar de celular.”

O desempenho do mercado de smartphones foi fraco até mesmo no quarto trimestre – que é considerado um dos melhores períodos de vendas por causa da Black Friday, em novembro, e do Natal. De acordo com a IDC, apenas 11,6 milhões de smartphones foram vendidos no País neste período, ou 32% menos que no quarto trimestre de 2014. O Brasil não registrava um desempenho tão fraco no período desde 2013.

Artigo de luxo. Os smartphones também ficaram mais caros no ano passado, o que desestimulou até mesmo aqueles que já planejavam a compra de um novo aparelho. De acordo com a IDC, o preço médio da categoria aumentou 17% na comparação com 2014, passando de R$ 750 para R$ 880. As marcas chegaram a aumentar o preço dos produtos até três vezes no ano para compensar a alta dos custos dos componentes.

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O desempenho ruim nas vendas prejudicou o varejo que, na esperança de dias melhores, encomendou um grande volume de aparelhos com as fabricantes. Como consequência, os estoques ficaram lotados.

Apesar da desaceleração nas vendas, a receita do mercado aumentou 1,2% em 2015. Segundo Munin, a receita também foi impactada por mudanças no comportamento do consumidor. “No ano passado, o brasileiro ficou mais exigente e maduro”, explica Munin. “Eles (os clientes) estão começando a investir mais nos celulares, embora comprem esses produtos com menos frequência.”

Perspectivas. O futuro do mercado de smartphones no Brasil não é animador. Para Munin, as vendas continuarão a cair pelo menos por mais alguns meses. “Algumas marcas estão até acabando com a produção local. Além disso, o preço deverá aumentar ainda mais, caso o dólar supere R$ 4”, diz o especialista.

De acordo com a consultoria IDC, a previsão é de que a venda de smartphones caia 13% neste ano, para 41 milhões de unidades vendidas.

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