'Vazamos para todos verem o que é discutido'

Ele criou um site para dar transparência à reunião

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Por Tatiana Mello Dias
Atualização:

LOGIN | Jerry Brito, responsável pelo WCITLeaks

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SÃO PAULO – Jerry Brito criou com outro pesquisador, Eli Dourado, um site para dar mais transparência à reunião da ONU. Os dois são pesquisadores da Universidade George Mason, nos EUA. Brito também é diretor do programa de políticas para tecnologia da mesma universidade. O WCITLeaks recebe contribuições de forma anônima e já divulgou 74 documentos que dão ideia do teor das discussões às portas fechadas em Dubai. Eli Dourado participará da conferência dentro da delegação norte-americana, Seu colega, Brito, falou ao Link sobre o projeto.

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 Foto: Estadão

Por que criar o WCITLeaks? Nós estávamos preocupados com a falta de transparência da conferência. Quando os ativistas da internet expressaram preocupação pela primeira vez, eles foram avisados de que os medos eram exagerados, de que não havia ameaça à internet. Sem os documentos oficiais, não havia maneira de contestar isso. Nós decidimos tornar os documentos públicos para que qualquer um possa ver exatamente o que está em jogo.

Quais você considera os mais importantes? O TD-62, um de nossos primeiros vazamentos, foi importante naquele momento porque era uma compilação de todas as propostas com comentários de outros países. A recente proposta da Rússia foi importante porque ela mostra que alguns países realmente querem discutir a governança da internet na WCIT. E a programação dos diretores da UIT deu ideias interessantes sobre como a organização vê a conferência internacional.

Por que nós devemos nos preocupar com esse encontro? O WCIT definirá um precedente. A internet será governada por um consenso entre engenheiros ou por governos nacionais? A conferência poderá iniciar o processo de mudança para esse último estado.

Por que a WCIT é tão fechada? A conferência é um encontro de governos, e governos têm segredos. Eles não estão acostumados à transparência completa que nós costumamos esperar de outras instituições associadas à governança da internet.

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Quais são as piores propostas? Você acha que alguma delas tem chance de ser aprovada? As piores estão nos modelos de pagamento para transmissão de dados pela internet, e em cibersegurança. A transmissão internacional de dados pela internet é tipicamente não tarifada. Tanto quem manda quanto quem recebe a mensagem paga pelo seu próprio acesso, mas a troca de dados não custa nada. Os países e as empresas de telecomunicações que poderiam ganhar com outros modelos de pagamento não gostam do atual sistema e querem mudá-lo. E muitas das propostas que supostamente tratam da segurança da rede poderiam deixar a internet menos segura envolvendo a mão morta do Estado.

Você acha que a ONU teria condições de gerenciar a internet? Não. A ONU não tem o conhecimento técnico para isso. E também, porque a ONU representa todos os governos, incluindo aqueles com as piores violações de direitos humanos, há um histórico misto de direitos humanos e liberdade de expressão.

Quem controla a internet hoje? Aliás, a internet precisa de um controle? Nenhuma pessoa ou organização está no comando. As decisões sobre como a internet funciona são feitas na base do “consenso grosseiro e código (de programação) rodando” (o slogan do Internet Engineering Task Force, que rejeita lideranças e acredita na adoção dos melhores padrões técnicos). Esse modelo descentralizado de governança funcionou muito bem, como mostra o inacreditável sucesso da internet.

Como a sociedade pode se manter informada e, se necessário, combater as propostas? No nosso site, nós temos um grande número de análises e fontes de informação. E haverá um grande número de grupos da sociedade civil em Dubai tentando./T.M.D.

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Quem deve controlar a internet?

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