Grom Social: uma rede social onde os adultos não entram

Escondido dos pais, Zach Marks criou o Grom Social, que chega agora ao Brasil

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Por Matheus Mans
Atualização:

Aos 11 anos de idade, Zach Marks foi proibido pelo pai de utilizar redes sociais. Sua intenção era proteger o filho de conteúdo impróprio. Enquanto os colegas da escola possuíam contas nos mais diversos sites, o garoto não tinha permissão para acessar Facebook, Twitter, Instagram ou qualquer outra comunidade digital que fosse frequentada por adultos. A solução de Zach? Criar sua própria rede social.

Com a ajuda de um amigo da família e de um especialista em código de programação HTML, Zach começou a projetar uma rede voltada para crianças e adolescentes em 2012. Durante quatro meses, ele e sua diminuta equipe criaram gráficos, códigos e desenharam o que viria a se tornar o maior site exclusivo para o público jovem no mundo: o Grom Social.

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Ao mostrar o primeiro resultado para os familiares – que não sabiam de nada até então –, Zach recebeu total apoio. O pai, que sempre teve receio com novas tecnologias, entrou com investimento financeiro, convertido na contratação de especialistas e em uma equipe maior. Assim, a rede começou a tomar forma e a se consolidar.

Funcionamento

O Grom Social é pensado para manter crianças e adolescentes, entre 5 e 16 anos, distantes de qualquer contato digital com maiores de idade. “Qualquer um pode, em tese, criar uma conta no Grom”, contou Zach ao Estado. “O acesso ao site, porém, é limitado. A criança precisa inserir o e-mail do responsável. Em seguida, os pais deverão entrar em contato com a nossa equipe para autorizar a entrada do filho na rede. E para isso, precisa telefonar, assinar um termo de compromisso ou pagar uma taxa com o cartão de crédito”, conta o criador do Grom Social. “Assim, o acesso à rede fica limitado e controlado por nós.”

Além disso, toda a interação no site possui um acompanhamento de professores e pedagogos treinados para notar e alertar sobre qualquer tipo de violação dos termos de uso.

Segundo Zach, a rede é um treinamento para migrar, aos 16 anos, para o Facebook. “Quando a criança não puder mais acessar o Grom, vai estar pronta para entrar em redes para adultos.”

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Brasil

Recentemente, a rede atingiu 1 milhão de usuários e Zach decidiu, então, que deveria ampliar a marca para outros idiomas e culturas. Escolheu o Brasil para ser o segundo país a receber oficialmente o Grom Social.

“A escolha pelo Brasil foi natural. O número de crianças brasileiras que utilizam redes sociais é enorme”, conta Zach. “E se você conversar com elas, verá que o desejo principal é entrar em um ambiente em que o pai não está. E os pais, por sua vez, desejam que os filhos estejam seguros na web.”

Atualmente com 14 anos, o garoto nascido na Flórida veio ao Brasil com toda a família para promover o site em português. Para isso, visitou uma escola particular de Mogi das Cruzes, em São Paulo, para testar a rede com algumas crianças e procurar “embaixadores”. Segundo Zach, estes iriam “receber materiais exclusivos e testar jogos, plataformas e apps do Grom Social antes do lançamento. Com isso, seria possível descobrir se determinado produto também funciona na cultura daqui.”

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Apesar do esforço, a versão do Grom em português possui alguns problemas estruturais e que podem afastar possíveis usuários.

A tradução do site parece ter sido realizada em um programa automatizado, resultando em frases soltas e sem sentido. Outras expressões nem ao menos foram traduzidas, permanecendo em inglês, o que pode causar confusão em crianças que não falam a língua.

O procedimento de autorização dos pais é igual ao dos EUA, só que os brasileiros tem que ligar ou mandar seu termo de compromisso para aquele país, já que a empresa ainda não possui escritório no Brasil. A opção mais fácil para usuários daqui será mesmo o pagamento de US$1,99 com o cartão de crédito do pai.

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Presente e futuro

Curiosamente, Zach se empenha hoje em aumentar a influência do Grom Social nas redes sociais “de adultos” – Facebook, Twitter, Instagram ou Pintrest. Além disso, está trabalhando em um game para smartphones.

Ao ser chamado de “o futuro Mark Zuckerberg” pela mídia americana, um brilho surge nos olhos do garoto e um sorriso surge em seu rosto. “Eu não sei se concordo, mas acho ótimo. Ele é um dos meus ídolos e espero, um dia, fazer algo com ele.”

Sobre os planos futuros do Grom, Zach prefere não comentar. Diz apenas que está “trabalhando na expansão da rede”. “O objetivo é levar o site para outras línguas e países, tornando-o ainda mais influente na cultura de crianças e jovens ao redor do mundo.”

Outras comunidades

Existem diversas outras comunidades online no Brasil voltadas exclusivamente às crianças e adolescentes. Mundo do Sítio e Club Penguin, por exemplo, oferecem jogos e uma interatividade limitada entre os usuários. Visando restringir a possibilidade de conversas, ambas as redes permitem apenas a utilização de frases pré-determinadas pela equipe responsável peas páginas, impossibilitando uma conversa livre entre os jovens.

O Fantage se diferencia ao permitir conversas sem restrições de frases e expressões. Todo o bate-papo, porém, é monitorado por uma equipe. Os usuários são banidos imediatamente da rede caso alguém pergunte nome real, idade, localização ou pratique bullying com outras crianças.

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Alguns sites, porém, são menos restritos. É o caso de Neopets e Moshi Monsters, que possuem jogos e permitem a adoção de seres virtuais como bichinhos de estimação. A conversa entre usuários em ambas as redes é completamente livre de restrições. Há apenas algumas regras de utilização e um monitoramento esporádico sobre o que é dito nos fóruns e conversas reservadas.

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