Para crescer mais rápido; Twitter tenta receber melhor os novatos

Perto de completar três anos no Brasil, empresa mostra preocupação com fuga de usuários e fala sobre estratégia para Jogos Olímpicos de 2016

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Por Bruno Capelas
Atualização:

Divulgação

 

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Em outubro, o Twitter alcançou a marca de 320 milhões de usuários em todo o mundo. É um crescimento lento: desde 2013, a empresa viu sua taxa de novos usuários estacionar em torno de 15% – até o final de 2012, o índice era de cerca de 30%. Diversos fatores influenciam o crescimento do Twitter, mas há um que se destaca: a plataforma é difícil de ser compreendida pelos usuários novatos. A boa notícia é que a equipe da rede está ciente do problema e, aos poucos, se movimenta para torná-la mais amigável.

Leia também: Twitter busca novos caminhos para crescer Jack Dorsey é nomeado CEO do Twitter

“O Twitter não é uma rede social. É uma rede de interesses”, disse Guilherme Ribenboim, vice-presidente do Twitter para a América Latina, em entrevista ao Estado na última terça-feira, no escritório do serviço em São Paulo. “O usuário não consegue encontrar seus interesses de cara na rede. É nesse problema que estamos trabalhando.”

Um dos primeiros passos para melhorar o Twitter foi a volta do cofundador da rede social, Jack Dorsey, ao cargo de CEO. “Jack Dorsey traz de volta para o Twitter a filosofia de que o usuário entenda a rede desde o seu primeiro minuto de uso”, diz Ribenboim. “O fundador é quem criou o produto. É ele também que tem a visão de como deve ser o futuro do serviço.” Desde que assumiu o cargo, no início de outubro, Dorsey já anunciou o Moments, uma ferramenta de enquetes e uma nova versão do botão ‘favoritar’ – agora, chamado de curtir, como no rival Facebook.

Apesar da incerteza momentânea, Ribenboim vê com otimismo a situação do serviço na América Latina. O executivo, que comanda a empresa no Brasil desde o início das operações no País, há três anos, está ansioso pelas perspectivas oferecidas pelos Jogos Olimpícos de 2016 e pelas eleições municipais – a empresa, no entanto, não informa o número de usuários por aqui. Além dos eventos em tempo real, a empresa também aposta em vídeos e na força da “segunda tela” (quando o uso do Twitter acompanha a TV) para crescer em 2016, mesmo com o momento conturbado da economia brasileira.

A seguir, confira alguns trechos da entrevista de Ribenboim ao Estado:

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Como é ter o Jack Dorsey de volta ao Twitter? Guilherme Ribenboim: A volta do Jack Dorsey é importante porque ele é um cara que tem a visão do produto. O fundador é quem criou o produto e é também quem tem a visão de como deve ser o futuro. Ele vai trazer de volta para o Twitter a filosofia de que o usuário precisa entender o valor da rede desde o primeiro minuto de uso.

Muitos usuários dizem que o Twitter é difícil de usar. Para analistas, isso impede o crescimento da rede social. Como vocês estão cuidando disso? Nós temos milhões de pessoas que entram no Twitter todos os meses. O que nós precisamos melhorar é a retenção dos nossos usuários, o que tem a ver com a ideia de que o Twitter é uma plataforma difícil. O Twitter não é uma rede social, é uma rede de interesses. Estamos lançando uma série de recursos para ajudar o usuário a se conectar aos seus interesses, entre eles o Moments e uma ferramenta que mostra os principais tuítes do período em que você não acessou o serviço.

O Twitter corre o risco de ficar parecido demais com a concorrência?O Twitter não vai perder sua experiência de tempo real. Temos que preservar, nesse processo de evolução, o DNA da plataforma. E esse DNA exige que a gente continue sendo uma ferramenta em tempo real. Se isso mudar,não vamos mais conseguir nos conectar com a televisão, por exemplo.

O Twitter está assumindo o lugar da TV como primeira tela? Se você ver a quantidade de hashtags que aparecem na TV, dá para perceber que essa parceria está disseminada. Mas nós não queremos brigar: nós combinamos muito com a televisão. Ela vai ser pra sempre um meio eficiente de se conectar com as pessoas. Além disso, ela tem um valor extremamente estratégico: se a TV não existe, teremos menos conversas acontecendo no Twitter.

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Qual é a expectativa do Twitter para os Jogos Olímpicos e Eleições de 2016? Acredito que os Jogos Olímpicos vão ser tão interessantes quanto a Copa do Mundo do ano passado. Nos Jogos Olímpicos, a nossa capacidade de gerar valor e conteúdo será muito mais eficiente do que na Copa. Nós conhecemos melhor o usuário brasileiro e temos a experiência da Copa para nos ajudar. Vai ser um evento importantíssimo, porque será um assunto da cultura brasileira ao longo de 2016. No caso das eleições municipais será um pouco diferente, pois as conversas vão ficar fragmentadas em torno das cidades. Uma eleição presidencial, como a do ano passado, tem um apelo maior: todos se reúnem em torno de uma fogueira só.

Como o Twitter vê o momento atual da economia brasileira? Nós crescemos 139% em nosso terceiro ano de operação no Brasil. Estamos indo super bem. É muito difícil entender o quanto a economia pode atrapalhar nosso desempenho. A nossa estratégia, atualmente, depende mais dos nossos valores do que exatamente do momento econômico difícil. Nós escutamos a crise, mas não a sentimos. Vamos crescer de novo no ano que vem.

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