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Twitter a serviço da população

Defesa Civil e Bombeiros dão exemplo de interação na rede social, mas casos como o do STF geraram problemas

Por Murilo Roncolato
Atualização:

Em setembro de 2009 tornados acompanhados de fortes chuvas atingiram milhares de pessoas em Santa Catarina. Em meio ao caos, a Defesa Civil do Estado criou um perfil no Twitter para que pudesse passar alertas para muita gente e em pouco tempo. Quando um ciclone rasgou Santa Catarina em janeiro deste ano o número de seguidores dobrou.

 

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—- • Siga o ‘Link’ no Twitter e no Facebook

Além do @defesacivilsc, outras centenas de órgãos públicos se aventuram na rede buscando diálogo direto com o cidadão e tentam criar uma imagem mais amistosa e transparente. Mas quem são os responsáveis por esses canais de comunicação? O Twitter se tornou o melhor caminho para acompanharmos servidores públicos, prefeituras, governos e juízes?

Em fevereiro de 2011, um tweet enviado pelo perfil oficial do Supremo Tribunal Federal (STF) chamou a atenção dos seus quase 100 mil seguidores: “Ouvi por aí: ‘agora que o Ronaldo se aposentou, quando será que o Sarney vai resolver pendurar as chuteiras?’”. Após esclarecimento do STF, soube-se que a mensagem foi publicada acidentalmente e só aconteceu porque o autor pensava estar usando o perfil pessoal e não o da mais alta corte do país.

O perfil do Supremo no Twitter, assim como o da grande maioria dos órgãos públicos, é administrado por funcionários da assessoria de comunicação da casa, normalmente divididos entre concursados e terceirizadas. O STF disse por meio de nota que não houve alterações desde o acidente digital e que mantém hoje profissionais “experientes no manejo das mídias sociais”. Independente disso, a lista de seguidores do @STF_oficial continua crescendo. “O Twitter é fonte relevante de informação para a sociedade, principalmente em ocasiões de julgamentos de temas polêmicos, quando se verifica aumento significativo do número de seguidores e acessos”, diz a nota.

Outro caso de confusão entre público e privado no Twitter — que também envolveu o senador José Sarney (PMDB-AP) — aconteceu no perfil da Secretaria de Cultura de São Paulo em março deste ano. “PQ foi o José Alencar e não o #Sarney?”, lia-se na timeline do órgão após o falecimento do então vice-presidente José Alencar. A causa do erro foi a mesma do STF, mas nesse caso, resultou na “elaboração de um manual de conduta interno para uso das redes sociais”, após ter “reafirmado a importância” do Twitter, afirmou a secretaria ao Link. Hoje, a conta é administrada por um jornalista e um estagiário e tem quase 28 mil seguidores.

 

Plantão no Twitter. “07:30 Bom Dia a todos seguidores do Twitter, Cb Moitinho até 19:30″. Pode não ser tão evidente, mas esse tweet animado do Cabo Moitinho é comum no perfil dos Bombeiros de São Paulo. Além dele, outros oito profissionais da corporação se revezam na hora de passar recados, solucionar dúvidas e atender chamados da população.

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Como diferencial, o @BombeirosPMESP, criado no fim do ano passado, se destaca em um ponto: a informalidade. Em meio ao anúncio das 550 ocorrências diárias, os tuiteiros ainda arrumam um tempo para conversar com seus seguidores (@BombeirosPMESP @torres_vr: ?? Não entendi ??”) ou passar dicas importantes de segurança, como esse “NUNCA USE O ELEVADOR PARA SAIR DE UM PRÉDIO ONDE HÁ UM INCÊNDIO”, desse jeitinho, nada discreto, para chamar a atenção mesmo.

Um dos tuiteiros da corporação conta como o canal também ajuda para agilizar o trabalho e atendimento real à população. O cabo Marco, de 35 anos, relatou ao Estado: “Recebi a informação de um acidente de moto. Passei para o 193 e já acionei a viatura para o local”.

No comando do agitado Twitter da Defesa Civil de Santa Catarina está a assessora de comunicação Fabiane Costa, de 29 anos. Ela conta que, além da divulgação de alertas, noticia condições de rodovias, doações a municípios, número de desalojados, cidades impactadas, mudanças de clima, etc. “Percebemos que ao inserir no Twitter um alerta de tempo, muito retuitam, o que amplia ainda mais o sistema de alerta”. Ela lembra que recentemente uma “seguidora” reclamou do atendimento a um certo município no interior do Estado. O recado foi encaminhado internamente e a Secretaria, por fim, entrou em contato com os responsáveis na cidade para solucionar o problema.

Situação semelhante aconteceu com o Twitter da Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro. O perfil ganhou destaque durante a Ocupação do Morro do Alemão, no final de 2010. Pouco antes da ação da polícia, ônibus foram queimados e muitos boatos se espalhavam pelo Twitter gerando pânico. O subsecretário de Segurança, Edval Novaes, fez uso da ferramenta para tranquilizar a população e passar informações, que segundo a polícia carioca, correspondiam com a verdade. Pela Twitcam, Novaes transmitiu diretamente da Secretaria o seu depoimento à população.

“Teve ainda um caso recente, depois do massacre no Realengo, em que um usuário nos avisou da possibilidade de um aluno em outra escola ter falado na internet que pensava em fazer algo parecido”, conta a jornalista responsável pela comunicação da secretaria, Gabriela Moreira. Após o comunicado, o relato foi repassado para Inteligência da Polícia do Rio que foi atrás do caso.

—-Leia mais:O plantão de tuitadas dos bombeiros de SPContra boatos, governo do RJ usa o Twitter

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