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Temas de 2014: 'Vestíveis em teste'

Artigo da edição especial sobre temas que marcaram 2014 como economia compartilhada, dinheiro digital, realidade virtual, o avanço do streaming frente à pirataria, e tecnologia vestível

Por Redação Link
Atualização:

Bruno Tozzini*

 

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Este foi um ano importante, nem que seja para descobrirmos que estávamos errados em relação a muita coisa que surgiu com a internet das coisas, especialmente os dispositivos vestíveis.

No mês de março, os corredores e a programação do festival South by Southwest (SXSW), nos EUA, davam a entender que, se por um lado os “wearables” atingiam naquele momento seu auge, por outro traziam muitas dúvidas e poucas respostas. Meses depois, em Cannes, leões e mais leões premiavam um “wearable” que era uma boa ideia de produto e ainda fazia o papel de propaganda.

Em um artigo para o site Medium cheguei a comentar que a sensação é que estamos na curva do crescimento exponencial tecnológico, onde o aclamado futurista Ray Kurzweil diz “não teremos a experiência de 100 anos de progresso no século 21 — será mais parecido com 20 mil anos de progresso”.

Nem tudo é alegria. Os efeitos colaterais de tamanha velocidade é uma certa paranoia pela inovação, excesso de tecnologia em nossas vidas e uma eventual fadiga ou falta de interesse nos próximos anos.

Em todos os meses de 2014 acompanhamos a chegada de vestíveis geniais e impraticáveis, uma espécie de brainstorm público em que ideias viram realidade e todos visualizam o que pode (ou não) ser praticado no futuro. O futuro entenda como o ano que vem.

Entre os gigantes, a briga é feia e ninguém ficou de fora, seja com relógios, óculos, pulseiras ou outras traquitanas. Temos de ficar atentos para não confundir novidade com inovação.

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O modelo de negócio atual é testar ideias e produtos com o dinheiro do público consumidor e isso faz parte da cultura de inovação. Existe demanda suficiente e gente disposta a pagar e testar, seja num crowdfunding do Kickstarter ou um lançamento de uma grande marca.

Mas, diferentemente da lógica dos softwares/apps onde um programador pode lançar uma ideia revolucionária e atrair milhões, produzir coisas com átomos é muito mais difícil do que com bits. Como já ouvi por aí: fazer hardware não é fácil, por isso começa com “hard”. Hardware é caro, difícil e cheio de riscos. No caso dos vestíveis, adicione o fator moda, um universo que até então estava muito distante da tecnologia. Design e apelo fashion fazem a diferença, mais do que nunca.

Neste ano, a pulseira Fuel Band da Nike parou de ser produzida e todo time foi dispensado. O produto pioneiro e mais conhecido dos “wearables”, voltado a saúde e bem-estar, foi curiosamente o primeiro a morrer. Mas o legado que deixou para as gerações seguintes é impressionante.

O Google Glass continua caro e sem uma aplicação muito clara. Alguns dizem que seu fim pode estar próximo. O Apple Watch apareceu nos 45 do segundo tempo deixando expectativa, mas correndo o risco de ter perdido a primeira grande onda de interesse e vendas.

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Este foi o ano dos relógios inteligentes e das pulseiras conectadas. Mesmo que a maioria das soluções sejam voltadas a saúde e bem-estar, acredito que há um enorme espaço dentro da indústria do entretenimento. Os parques da Disney hoje utilizam o dispositivo Magic Band para pagamento e acesso. Grandes festivais de música como o Lollapalooza e Austin City Limits seguem nessa direção.

Assim como, em 2007, o iPhone nada mais foi que um celular extremamente bem executado e que, por conta disso, virou o jogo e estabeleceu um novo padrão de produto e comportamento – tanto na nossa relação com a internet quanto com os apps – é muito provável que nos próximos anos uma entre milhares de invenções acerte em cheio. E aí quem sabe teremos um “iPhone dos wearables”. Duvido que seja um relógio.

*É diretor de criação da Agência Africa e fundador da startup Ahead

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