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TED em São Paulo: O que valeu e o que não valeu a pena

Por Rafael Cabral
Atualização:

Uma bicicleta feita de bambu, tijolos inspirados em peças de Lego, genoma barato que permite uma medicina personalizada, periferias conectadas que produzem mercados auto-sustentáveis e uma máquina que faz água. Essas foram algumas das ideias apresentadas na primeira edição do Technology Entertainment Design em São Paulo, versão independente do tradicional evento iniciado na Califórnia em 1984. Foram um pouco mais de 12 horas, das 7h30 às 20h do último sábado, e mais de 30 palestrantes, indo de um babalorixá a uma química. Os temas eram tão diversos quanto.

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Extremamente bem montado, o TEDxSP foi dividido em quatro grandes blocos de palestras, que – ao menos no papel – não passariam de 15 minutos, tempo ideal para que os convidados não se cansassem. Os intervalos eram longos e a convivência entre os participantes incentivada. A organização foi impecável.

Contras

Mas não se pode dizer o mesmo de todos os talks. Com tanto gente falando, seria natural um desnível (mas não tão grande quanto o que ocorreu). Enquanto alguns palestrantes dominavam a plateia, outros pareciam não ter muito o que dizer. Minha principal crítica é ao tempo concedido, no palco, aos patrocinadores. Meio camuflados, todos os incentivadores do TEDxSP estavam representados, em um clima meio ‘pagou, falou’. Isso gerou uma ótima fala do presidente do banco Santander, Fábio Barbosa, sobre administração ética. Mas ele foi a exceção. Era difícil entender o ponto central de algumas delas.

Outra coisa que irritou no TEDxSP foi o clima de ufanismo em que caíram alguns dos papos. Inspirados pela pergunta-tema da conferência – ‘O que o Brasil tem a oferecer ao mundo agora?’ – alguns dos convidados caíram n na vala do neoverdeamarelismo, nos saudando como o ‘país do futuro’ (ou do ‘presente’) e se esquecendo do longo caminho para chegar lá. Ao lembrar que sediaremos as Olimpíadas e a Copa do Mundo, a fala do publicitário João Cavalcanti (“Somos os escolhidos!”, disse) foi o ápice disso.

Prós

O nível geral dos talks, no entanto, foi ótimo. A designer computacional Fernanda Viégas, por exemplo, mesmo ao falar de algo não tão claro como as novas narrativas da informação, fez uma palestra acessível e divertiu o público presente no Teatro da Mooca, cruzando dados – na ferramenta desenvolvida por ela, o ManyEyes – de buscas no Google de homens a mulheres.

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Outra boa apresentação foi a do advogado Ronaldo Lemos, da FGV e do Creative Commons, que apresentou números – já familiares, mas ainda impressionantes – sobre o crescimento das lan houses no Brasil, nas quais são feitos 49% dos acessos à internet no País.

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Lemos ainda contrastou os números de Mallu Magalhães, tida como fenômeno por ter conseguido 1 milhão de acessos ao seu MySpace, com uma banda baiana desconhecida da platéia, o Fantasmão. Resultado? Os baianos são maiores nas redes sociais, nas buscas e em qualquer outro site analisado (“menos o MySpace, que a periferia não usa”). A conclusão é que as periferias podem ser tão ou até mais conectadas que o centro, e o nascimento de modelos abertos, queimando intermediários, é uma tendência desses lugares.

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