Startup investe em impressão 3D para fabricar próteses de braço mais baratas

Amputados poderão viabilizar aquisição por meio de ferramenta privada de financiamento coletivo

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Por Thiago Sawada
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Uma nova startup brasileira, chamada Linked, quer vender próteses para pessoas que sofreram amputação dos braços com preço que equivale a 1/6 do atual. O segredo para reduzir tanto o custo do produto, de acordo com a cofundadora da empresa, Fernanda Fortuna, é a impressão 3D. Em vez de usar titânio para produzir as peças, como as grandes fabricantes, a Linked utiliza uma impressora 3D para produzir as peças usando polímero.

Leia também:Próteses feitas em impressora 3D viram realidade e deixam processo mais barato 

A startup desenvolve próteses biônicas, que utilizam eletrodos mioelétricos que captam os estímulos elétricos dos músculos. Há algumas fabricantes que vendem próteses biônicas no mercado brasileiro com preços que variam de R$ 120 mil a R$ 200 mil. Com a tecnologia de fabricação da Linked, porém, o preço do produto deve cair para cerca de R$ 30 mil.

Fernanda, que é estudante de engenharia biomédica, teve a ideia de criar a startup após desenvolver uma pesquisa na área de processamento de sinais mioelétricos. “É possível usar os impulsos elétricos para controlar coisas e eu não queria deixar isso engavetado como um TCC sendo que tem uma utilidade enorme”. Durante o projeto, ela mapeou os músculos do corpo humano que recebem estímulos elétricos a cada movimento das mãos e criou um algoritmo para interpretar os dados e fazer a prótese reproduzir o movimento.

Ao baratear as próteses biônicas, Fernanda espera ajudar muitas pessoas. De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 7 mil pessoas têm os membros superiores amputados por ano e menos de 3% delas conseguem adquirir próteses biônicas, por conta do alto custo. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) chega a cobrir o custo de modelos mais básicos, mas não o de próteses biônicas.

Para que as próteses impressas em 3D da Linked cheguem ao mercado, a startup ainda precisa testar o produto em pessoas amputadas, o que deve levar cerca de seis meses. Depois, Fernanda dará início ao processo de certificação do produto na Anvisa. A previsão é de que a startup disponibilize a nova prótese no mercado brasileiro em 2018.

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Financiamento coletivo. Ainda que a prótese desenvolvida pela Linked seja mais barata que as já disponíveis no mercado, Fernanda sabe que o valor de R$ 30 mil ainda é alto para a maioria dos brasileiros. “Quando as pessoas não podem pagar, acabam recorrendo a um financiamento no banco, mas não queremos que isso aconteça”, diz a empreendedora.

Para resolver isso, além da prótese, ela desenvolveu uma plataforma de financiamento coletivo diferente dos tradicionais sites de crowdfunding Catarse e Kickstarter. O paciente que teve o braço amputado pode criar uma campanha privada, com acesso limitado a convidados. Quando o valor da prótese é atingido, a Linked vai iniciar a produção.

“Nós não usamos o crowdfunding tradicional porque, às vezes, a pessoa amputada se sente envergonhada ao pedir dinheiro”, diz. A plataforma permite que a pessoa escolha para quem deseja enviar o convite de contribuição financeira, o que evita sua exposição na internet.

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