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Show online ?caseiro? é aposta de brasileiros

Netshow.me mostra apresentações na web em busca de espaço e receita para artistas

Por Redação Link
Atualização:

Diogo Antonio Rodriguez, Especial para o Estado

 

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SÃO PAULO – Numa época em que os músicos não conseguem mais vender tantos discos como antigamente, shows são essenciais para a sobrevivência dos artistas. Mesmo assim, é preciso dispor de infraestrutura e dinheiro para viajar pelo país fazendo apresentações. Ou pelo menos era.

O Netshow.me é uma plataforma onde bandas podem marcar concertos virtuais, cobrar ingresso, dar recompensas aos fãs e levar sua música ao vivo para qualquer lugar do Brasil – e do mundo.

No ar desde setembro de 2013, o Netshow.me foi fundado por Daniel Arcoverde e Rafael Belmonte, depois que a dupla decidiu sair do fundo de investimentos onde trabalhavam para empreender na internet. “Eu tinha um envolvimento muito grande com a música, tive banda por oito anos, toco guitarra”, afirma Arcoverde. A ideia surgiu quando eles souberam que Sean Parker, criador do Napster, estava investindo no Stageit, plataforma de shows com modelo similar ao do Netshow.me.

Para chegar ao formato atual, Arcoverde calcula que conversaram com mais de 200 músicos. Entre eles, o vocalista e guitarrista do Fresno, Lucas Silveira. “Estou sempre conversando com eles, fazendo uma consultoria de ‘bróder’ para que o serviço melhore, para que seja bom para todas as bandas”.

‘Rival’ americano tem cofundador do Napster investindo
Criado em 2011 por Evan Lowenstein, com o slogan de “um lugar na primeira fila para uma experiência de bastidores”, o Stageit tem uma proposta muito parecida com a do Netshow.me. Artistas, comediantes e até chefs de cozinha podem criar seus shows na plataforma, cobrar por ingressos (que usam uma moeda virtual que custa US$ 0,10) e receber gorjetas. Usado por nomes como o guitarrista Tom Morello ou o grupo Crosby, Stills & Nash, o Stageit conta com o investimento de Sean Parker, que revolucionou a indústria fonográfica ao fundar o Napster, em 1999. Parker também é conhecido por ter sido o primeiro presidente do Facebook e ter investido no serviço de streaming Spotify.

Os bate-papos ajudaram a entender qual deveria ser o foco: “A gente percebeu que a proposta de valor inicial que a gente vendia, ‘você vai ser remunerado’ é válida, mas não é a principal”, diz Arcoverde. “O artista busca muito a divulgação, principalmente os pequenos. Possibilitar que ele aumente a audiência aumentou o valor que estamos entregando ao artista”, afirma.

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Atualmente, o artista cadastrado pode fazer shows de 15 minutos a uma hora, com 20 minutos de bis. O número de ingressos virtuais pode ser limitado ou ilimitado. Pode-se escolher se terão um preço fixo ou se o esquema será de “pague quanto puder”, que agrada a bandas menores.

Nesse caso, a ideia é incentivar os fãs a comprar as “moedas” do Netshow.me (que custam R$ 0,50 cada) e remunerar os artistas para receber recompensas, o que lembra sites de financiamento coletivo. Ao final do show, o artista recebe um relatório com o total faturado, a bilheteria e quem assistiu à apresentação, que não é armazenada pelo site.

Ganhos O Fresno, de Lucas, já tocou duas vezes no Netshow.me e conseguiu juntar mil fãs pagantes. “Teve cara que deu uma grana séria, teve um que deu mais de R$ 300 pelo nosso show”, relata Lucas. Para Arcoverde, as pessoas se dispõem a pagar porque o show virtual tem algo em comum com o real: “Nosso modelo de negócio é ‘ao vivo’. É como o presencial, você viu, viu, Se não, perdeu. A gente quer replicar esse modelo de estar presente no show, só que online.”

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Paulo Vaz, tecladista da banda de rock Supercombo (formada em Vitória e radicada em São Paulo), diz que a novidade ajuda os artistas menores. “Para uma banda que já tem um certo público, mesmo que pequeno, é bom porque você consegue convidar muitas pessoas ao mesmo tempo para assistir”, avalia.

O grupo já se apresentou no Netshow.me e conseguiu uma plateia de 800 pessoas. “Nós temos um público bem disperso: tem muita gente de São Paulo, mas tem muita gente do Sul, Belo Horizonte, do interior”, diz. A plataforma, segundo ele, “é uma porta para as bandas novas mostrarem o trabalho para um público que não teria como vir à capital”.

 

A startup chamou a atenção de Rodrigo Borges, co-fundador do Buscapé, que virou investidor e conselheiro ao conhecer o Netshow.me também no festival South By Southwest (SXSW) do ano passado, nos Estados Unidos. Borges diz que viu uma “oportunidade de mercado”, já que “existe uma clara migração do consumo de mídia dos meios tradicionais para a internet (web e mobile)”.

Palco digital. Não apenas os músicos podem se beneficiar do modelo, mas “qualquer evento de entretenimento ao vivo, por exemplo, stand up comedy”, diz Borges. “O Netshow.me poderá atuar como uma forma complementar, se não a principal, de transmissão desse evento. Dado o tamanho do Brasil e os custos de logística, alguns shows menores se tornam inviáveis ou o fã não tem acesso ao evento”, afirma.

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“É inevitável que alguém deverá ocupar esse espaço”, prevê. Além disso, “Daniel e Rafael são dos melhores empreendedores que já conheci”, elogia.

Os próximos passos serão fazer streaming em dispositivos móveis e o lançamento de um aplicativo, onde os usuários poderão assistir aos shows e interagir com as bandas.

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