‘Sabemos que há problemas’, diz diretor do Twitter

Empresa chega aos 10 anos buscando retomada de crescimento após tempos difíceis; atrair usuários é uma das metas

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Por Bruno Capelas
Atualização:

Sérgio Castro/Estadão

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Prestes a completar dez anos na próxima segunda-feira, o Twitter não fará uma comemoração efusiva. Os últimos resultados financeiros da empresa mostraram que, dois anos após abrir seu capital, a rede de interesses está estagnada em 320 milhões de usuários ativos por mês, não gera lucro e tem perdido valor de mercado nos últimos meses. A visão pessimista do mercado não desanima Philip Klien, diretor de expansão da empresa no Brasil. “Sabemos que existem problemas, mas queremos fazer o melhor para o usuário, independente dos números que Wall Street usa”, disse o executivo, em entrevista ao Estado.

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Para Klien, a maneira como os investidores enxergam a empresa não é a mais correta. “Temos ótimas métricas de engajamento e audiência. O número de usuários não deveria ser a única métrica: quando um tuíte é exibido na TV, isso não entra na conta de Wall Street”, diz o executivo. “É como usar um barômetro para medir a temperatura: você até consegue perceber mudanças, mas não mede a temperatura exata.”

A empresa, contudo, parou de divulgar os números de audiência em seu balanço financeiro no quarto trimestre de 2014, quando foram registradas 182 bilhões de visualizações de linhas do tempo na rede social. Isso impede que investidores acompanhem métricas além do crescimento de número de usuários.

Há sete meses na empresa, Klien acredita que o Twitter está agora “chegando à adolescência”, mas enxerga mudanças positivas na trajetória do negócio. É o caso da incorporação de vídeos, fotos e até mesmo transmissões ao vivo (com a ajuda de outro aplicativo da empresa, o Periscope) no espaço de um tuíte. Originalmente, o Twitter permitia apenas a publicação de mensagens com 140 caracteres – limitação determinada pelo tamanho de uma mensagem SMS, utilizada pela empresa em sua fase inicial.

Segundo o executivo, o retorno do fundador Jack Dorsey ao comando da empresa, em outubro de 2015, é um sinal de retomada. “Foi ele quem escreveu o código do Twitter. Ninguém melhor do que ele sabe o que é essa plataforma”, afirma o diretor de crescimento do serviço. A volta de Dorsey à liderança, na visão de Klien, trouxe a visão de como lidar com seus produtos – e não pensar tanto nas exigências do mercado. Ao contrário do espírito de Wall Street, que espera mudanças rápidas para a retomada do crescimento, talvez as novidades levem um tempo para se tornar efetivas. “Dorsey planta sementes agora. Não é fácil nem imediato, mas são coisas que farão toda a diferença no futuro.”

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Recepção. Uma das missões da equipe de Philip Klien é trazer novos usuários. Para o executivo, os filtros que mostram primeiro as mensagens mais importantes publicadas no site, com ajuda de um algoritmo, e um serviço de curadoria editorial para destacar temas relevantes no momento, chamado de “Moments”, estão ajudando a empresa a reter os novatos.

Em novembro, o Brasil se tornou o segundo país a receber o Moments – e, para Klien, é o que tem os melhores resultados até agora. “Moldamos o Moments no resto do mundo de acordo com o engajamento que existe aqui”, diz. O recurso tem grande apelo entre os jovens, principal público do Twitter no País. “É um público que andava de carrinho de bebê quando o Twitter foi lançado e que vai se manter conosco”, aposta.

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