Rota Alternativa

Criado por uma empresa de Israel, o aplicativo de GPS Waze cria uma maneira mais participativa de lidar com o trânsito das cidades e fugir dos congestionamentos

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Por Anna Carolina Papp
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Criado por uma empresa de Israel, o aplicativo de GPS Waze cria uma maneira mais participativa de lidar com o trânsito das cidades e fugir dos congestionamentos

SÃO PAULO – Escolher a melhor rota para fugir de congestionamentos pode ser uma tarefa mais fácil com a ajuda de outras pessoas que também estão na rua. Essa é a proposta do Waze, um aplicativo de trânsito gratuito que reúne informações de milhões de motoristas em movimento espalhados pelas estradas.

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Eleito pela Apple como o aplicativo do ano para iPhone, o Waze (disponível para iOS e Android) funciona como um GPS colaborativo: usa os dados de seus mais de 30 milhões de usuários pelo mundo para lidar com a imprevisibilidade do tráfego nas grandes cidades.

Funciona assim: o usuário envia alertas sobre engarrafamentos, radares, acidentes, postos policiais e obras. Com base nisso e na velocidade média dos veículos, o app sugere rotas alternativas para driblar os obstáculos. “Tem um monte de motoristas lá fora e eles sabem como está o trânsito agora. Tudo o que precisávamos fazer era criar uma forma de compartilhar a informação”, disse Uri Levine, israelense presidente e cofundador da empresa, em entrevista ao Link (leia abaixo). Ele diz que costumava ligar para amigos para se informar sobre a condição das estradas e quis encontrar uma forma mais fácil de obter ajuda.

O Waze tem outro aspecto social: é integrado ao Facebook e ao Foursquare, permite criar grupos e trocar mensagens (texto ou voz). E funciona como um jogo – quanto mais o usuário participa, mais pontos ganha no app. Se não quiser ser localizado, pode ficar invisível e sumir do mapa.

Trânsito global. O Waze foi lançado em Israel em 2008 – primeiro para um celular da Nokia – e globalmente no fim de 2009. O número de usuários cresceu aos poucos desde então, e o app ganhou destaque depois de a Apple incluir seu desastroso aplicativo de mapas no sistema iOS6, para iPhones e iPads. Em seu pedido público de desculpas em setembro, Tim Cook, CEO da empresa, recomendou mapas concorrentes – e o Waze estava entre eles. Hoje são 30 milhões de usuários em todo o mundo. No Brasil, onde chegou em junho, o app tem um milhão de usuários.

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Na tarde em que o Link se encontrou com Levine, caía uma chuva torrencial desde madrugada e São Paulo chegara a registrar 200 quilômetros de congestionamento. Dirigindo-me ao local da entrevista e novata no Waze, observei no app várias vias em vermelho – o que indica lentidão – e vi a situação caótica em que se encontravam avenidas como a Paulista, por exemplo. O app logo sugeriu um novo trajeto.

“Comparado ao trânsito daqui, o de Israel é fichinha!”, brinca Levine. “Todas as grandes metrópoles do mundo enfrentam o problema. Ficar parado no trânsito é puro desperdício de tempo. O nosso objetivo é tentar reduzir isso.”

Desencontro. Um dia, Levine foi pegar seu filho de 11 anos na escola. Já era 17h e nada de o menino aparecer. Levine telefonou e disse que estava no portão à sua espera. O menino respondeu: “Também estou aqui, mas não te vejo!”. Levine resolveu dar a volta e ir para o outro portão. O menino teve a mesma ideia, e os dois se desencontraram de novo.

Inspirado na situação, a nova versão do Waze (3.5), lançada em outubro, incluiu uma opção para compartilhar o percurso por Facebook, SMS ou e-mail – mesmo com quem que não usa o app – e acompanhar o deslocamento ao vivo no mapa. “Sempre estamos buscando pessoas, encontrando pessoas. O trânsito é uma experiência social”, disse Levine.

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COMUNIDADE DE MOTORISTAS

‘Não estamos sozinhos no trânsito’ 

LOGIN | Uri Levine, cofundador e presidente do Waze

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Como reagiu à recomendação de Tim Cook ao Waze?  Obviamente, o dia seguinte foi o melhor de todos para nós! Mas foi apenas um dia. A realidade é que as pessoas percebem que nosso aplicativo é melhor para motoristas. Se você está procurando algo para pedestres, não é um bom aplicativo, nem para transporte público. Ele é feito por motoristas e para motoristas, que sofrem no trânsito todo dia. Como é feito o mapeamento?  Pelos próprios usuários. O Waze não foca só no trânsito, mas no mapeamento. Se dirijo para algum lugar com o aplicativo, ele gera a primeira rota. Depois, uma comunidade de usuários, os “editores”, inclui os detalhes. Uma vez me perguntaram se funciona na Antártida. Vi que já havia rotas e 27 usuários por lá. Por que o Waze aposta no aspecto social?  A experiência social da direção é parte da nossa vida, não estamos sempre sozinhos. Parte de nosso cotidiano como motoristas é interagir. Com o Waze, criamos um ecossistema para motoristas, conectados em tempo real. Os usuários tem uma economia de 15% a 20% no tempo que passam no trânsito. Na área de mapas, o crowdsourcing é sem dúvida a melhor alternativa. / A.C.P.

—-Leia mais: • Trânsito em grupo • Camada social do aplicativo deixa o caminho menos hostil • Link no papel – 17/12/2012

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