Resumo da terça na Campus Party

No primeiro dia aberto ao público, palestras sobre educação e privacidade foram os destaques

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Por Murilo Roncolato
Atualização:

No primeiro dia aberto ao público, palestras sobre educação e privacidade foram os destaques

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SÃO PAULO – A Campus Party completou seu segundo dia abrindo as portas ao grande público e dando início às palestras, que chamaram a atenção dos sete mil campuseiros no Anhembi. O palestrante mais esperado do dia foi Sugata Mitra, professor e pesquisador no MIT, curioso das relações entre tecnologia e educação. No espaço aberto, um campeonato de games com direito a arquibancada e narração simultânea foi o destaque.

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Os problemas percebidos pelos participantes já na abertura foram parcialmente resolvidos. Campuseiros reclamaram do calor, da quantidade de ventiladores desligados e da existência de apenas dois bebedouros (não refrigerados) em todo o evento, localizados na área de Camping. Somou-se a isso o preço das garrafas de 1,5L vendidas no espaço interno, chegando a R$ 5 cada.

O calor foi amenizado graças à chuva e os fortes ventos que atingiram o Anhembi por volta das 17h30. A organização instalou mais um bebedouro no espaço aberto aos campuseiros, o que diminuiu filas no camping. Tudo ia bem, até que o vento ficou forte demais e derrubou estruturas, afetando quatro palcos (que tiveram de ser evacuados), a Zona Expo (aberta ao público) e a praça de alimentação. A chuva diminuiu por volta das 18h30, mas a região dos palcos continuou isolada pelo Corpo de Bombeiros.

 

Educação. Sugata Mitra leciona Tecnologia Educacional na Universidade de Newcastle, além de coordenar pesquisas sobre o tema no MIT. O professor desenvolve há 15 anos experimentos colocando computadores em lugares à mão de crianças sem acesso à escola. Sua conclusão é a de que os computadores e a internet podem promover um novo método de ensino, principalmente em países pobres como a Índia, onde nasceu. “Onde não há professores, nem escola deem a eles um bom computador e uma conexão banda larga”, é o seu lema.

“A educação que temos hoje foi elaborada há 300 anos. Temos exigências e requisitos no mercado de trabalho que não batem com o que está sendo ensinado. Não sugiro que acabemos com toda a educação, precisamos redefinir o currículo e torná-lo interessante”, disse o estudioso.

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Para ele, o mercado acaba contratando pessoas “cheias de educação, mas que não são úteis”. O pesquisador criticou métodos de avaliação tradicionais e elogiou o incentivo à produção de tablets. “Provas medem memorização, houve um tempo em que era importante ter boa memória porque o cérebro era o único dispositivo para armazenar informações. Hoje temos pendrives. Mas a compreensão do que está gravado no pendrive não é medido pelo sistema.”

Sugata Mitra avalia que os tablets são atualmente a forma mais barata de ter acesso à internet e acredita no potencial educacional do uso de tablets em salas de aula. “Escolas estão se dando conta de que as crianças podem fazer muito com um tablete, além de economizar papel”. Para ele, a grande mudança será no mercado de livros didáticos. “Aquela imagem de crianças usando mochilas pesadas a caminho da escola, isso vai desaparecer logo”, prevê.

Privacidade em xeque. No debate sobre segurança e privacidade na era digital, advogados, membros do Ministério da Justiça e da Procuradoria da República foram unânimes: é cada vez mais fácil e perigoso expor informações pessoais na rede. E retirá-las depois não é tarefa fácil.

“É preciso consciência no compartilhamento de dados”, disse Omar Kaminski, advogado e membro do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). “Uma vez perdida a privacidade, nunca mais conseguiremos recuperá-la”, acrescentou. Os especialistas também recomendam sempre ler os termos de uso de provedores, e-mails e redes sociais.

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Sem saber, o usuário da internet pode acabar concordando em ter seus dados pessoais revelados ou vendidos. Mas, se você foi vítima de ofensa ou viu sua privacidade exposta na rede, o caminho é recorrer aos tribunais. Vitor Hugo das Dores Freitas, presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia da OAB-SP, ressaltou que ofensas na internet podem ser julgadas como injúria, calúnia e difamação, assim como qualquer outro crime.

Segundo ele, nisto se incluem xingamentos e violações de privacidade publicadas via Twitter, Facebook e outras redes sociais. “O caso de blogueiros condenados, por exemplo, mostra este risco”, comentou.

A Campus Party abre novamente suas portas amanhã a partir das 9h e terá como destaque palestras do vice-presidente de desenvolvimento de negócios da SoundCloud, Dave Haynes (às 13h), e do executivo da Rovio responsável pelo sucesso Angry Birds, Julien Fourgeaud (às 19h).

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/ colaborou GABRIEL PINHEIRO

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