Parcerias de empresas de tecnologia com a China criam polêmica nos EUA

Acordos de Microsoft, IBM e Cisco com o governo chinês têm causado mal-estar entre representantes do governo

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Por Matheus Mans
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Em outubro, a IBM firmou uma curiosa parceria com o governo chinês, dando acesso ao código de alguns de seus principais produtos. Não é um caminho novo – Microsoft e Cisco já fizeram o mesmo –, mas grupos contrários aos acordos agora começaram um grande debate, dizendo que as parcerias ameaçam a segurança dos EUA.

A principal iniciativa no tema partiu de um relatório publicado pela empresa norte-americana de segurança Defense Group Inc. De acordo com ele, os acordos firmados entre as empresas de tecnologia e a China estariam danificando a segurança dos EUA, além de não seguirem a legislação da área.

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Citando diretamente a IBM, o relatório disse que “a empresa está colocando em risco a segurança nacional e econômica dos EUA, arriscando a segurança cibernética de seus clientes globalmente”. Em resposta, a tradicional companhia de tecnologia rejeitou as considerações e o porta-voz, Edward Barbini, disse que o relatório “descaracteriza totalmente as iniciativas da IBM na China.”

Outras empresas que também mantém parcerias com o governo chinês publicaram seus posicionamentos. A Microsoft disse estar lidando com os representantes da China como lidaria com qualquer outra empresa de nível global. Já o porta-voz da Cisco disse que tudo está sendo desenvolvido com a aprovação dos governos americano e chinês.

Entretanto, outros especialistas em segurança defenderam o estudo realizado pela Defense Group Inc. A empresa foi fundada em 1987 por James Wade, ex-funcionário do Departamento de Defesa dos EUA, e sempre pregou ideias contrárias ao gigante asiático.

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Tá na lei. Transações e acordos como o realizado pela IBM precisam seguir uma série de regulamentos, além da obrigatoriedade da aprovação pelo governo norte-americano. Apesar de tudo ter sido seguido pela empresa, representantes de órgãos militares e do governo dizem que a situação não é legal.

“Precisamos prestar mais atenção como a tecnologia avançada deve ser vendida”, disse Dennis C. Blair, ex-diretor de inteligência nacional dos Estados Unidos. ”Se você não prestar atenção, você pode ter danos à sua segurança nacional.”

Ainda de acordo com Dennis C. Blair, que é almirante reformado, os Estados Unidos operam com o princípio de que as empresas devem vender apenas tecnologia disponível no mercado mundial, mas que devem ser proibidas de vender tecnologia avançada que pode ser colocada para uso militar.

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Os acordos. O acordo da IBM com o governo chinês é envolto por mistérios: funcionários do país asiático teriam acesso ao código de alguns softwares da empresa. Só que toda a consulta ao material seria realizada em uma sala fechada, onde nenhum dispositivo eletrônico entraria. Além disso, a IBM não confirmou qual é o software que tem o código liberado.

Já a Cisco anunciou um joint venture com uma fabricante que tem como parceiro o departamento militar chinês. A Microsoft, por outro lado, firmou acordos com uma empresa de defesa de propriedade do governo, que ajudou a desenvolver o sistema eletrônico para a primeira bomba nuclear da China.

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