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País ajudou a mudar geopolítica da rede; diz chefe da Icann

Presidente do órgão regulador da internet destaca papel do Brasil nos debates do setor; ele estará no NETmundial

Por Murilo Roncolato
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LOGIN | Fadi Chehadé, presidente do ICANN

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Começa hoje em São Paulo o NETmundial, evento que vai reunir autoridades internacionais e representantes do setor privado e da sociedade civil para discutir os rumos da internet. No centro do debate está a Icann, instituição norte-americana “supervisora” da internet e que, entre outras funções, atribui os endereços da rede (.com, .net, .edu). A entidade tem sua posição questionada pelos que pedem uma gestão internacional da internet. Seu presidente, o libanês Fadi Chehadé, estará no NETmundial e falou ao Estado.

O que acha que deveria mudar na Icann? A Icann já está se transformando. Estamos internacionalizando a operação, abrindo centros por todo o mundo, oferecendo conteúdo em várias línguas. Também estamos lançando um diálogo público para fortalecer a transparência.

Qual o melhor modelo de governança da internet em sua opinião? Não existe solução final ou mágica quanto a isso. O ecossistema da internet está evoluindo e precisamos ter certeza de que ele contemple todas as partes interessadas. É por isso que na Icann apoiamos o modelo multissetorial, que assegura que o controle seja distribuído por todos os envolvidos com as decisões: governos, setor privado, comunidade técnica, sociedade civil e academia.

O governo dos EUA anunciou a intenção de transferir seu papel de supervisor da Iana (departamento da Icann que lida com os “números” da internet, como os endereços de IP) para um grupo multissetorial. Você acredita que os EUA podem fazer algo semelhante na Icann, abrindo mão de sua influência sobre a instituição? Essa transição, anunciada em 14 de março, já estava prevista e era claramente explicada em documentos relacionados à criação de nossa organização. A Icann coordena o DNS (sistema de nomes de domínio) da internet com sucesso desde 1998, operando com crescente autonomia dentro de seu contrato com o Departamento de Comércio dos EUA. O governo norte-americano nunca interferiu em nossas políticas ou na implementação das funções da Iana. Tampouco tem “controlado” a internet. O anúncio só mostra a maturidade da nossa organização e o desejo de manter a continuidade do modelo multissetorial.

Por que há tanta expectativa com relação ao NETmundial? O evento é multissetorial já na concepção e não apenas com relação aos participantes. Ele também será multissetorial nos resultados, já que o documento que será discutido em São Paulo foi baseado em 188 contribuições submetidas por uma variedade de atores de diferentes setores e países. Tudo isso dá legitimidade para o encontro e é por isso que ele é especial.

Qual sua opinião sobre o papel que o Brasil e outros países em desenvolvimento exercem atualmente na internet? A geopolítica da internet mudou? No ano passado, líderes de várias entidades envolvidas na coordenação da infraestrutura técnica global da internet assinaram a declaração de Montevidéu sobre o futuro da cooperação na rede. Este ano, o Brasil sedia o NETmundial e mostra ao mundo o modelo do Comitê Gestor da Internet (CGI), um grande experimento multissetorial em nível nacional. Concordo, então, que a geopolítica global da internet está mudando e que a América Latina e o Brasil assumiram um papel de liderança nas discussões da governança da internet.

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