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O primeiro dia

Faltou luz e internet, mas o começo da Campus Party foi marcado por grandes palestras

Por Carla Peralva
Atualização:

Estava quente. Muito quente dentro do Centro Imigrantes. Durante a tarde, o calor punha à prova a disposição dos participantes da Campus Party 2011 para assistir palestras e baixar conteúdo. Mas tudo ia bem. A velocidade da internet (10 Gbps) é um dos grandes atrativos da festa e deixa as bancadas dos computadores sempre cheias, mesmo com as grandes palestras rolando.

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A primeira grande atração do dia foi a mesa de que participaram Al Gore, ex-vice-presidente dos Estados Unidos e ganhador do Oscar de Melhor Documentário por um vídeo que alerta sobre os perigos do aquecimento global, e Tim Berners-Lee o inglês que criou a World Wide web (a rede WWW).

Gore e Berners-Lee falaram sobre o futuro da internet e a necessidade de se criar plataformas abertas para que os governos publiquem seus dados e a população possa, além de vigiá-los, criar novas informações a partir deles. “A internet deve ser usada pelas pessoas para que o governo funcione como deveria”, disse Al Gore. Berners-Lee defendeu, ainda, que internet deve ser usada para que pessoas que pensem de modo diferente se conectem e, assim, cresçam.

Também subiram ao palco principal Jon Maddog Hall, diretor executivo da Linux Internacional, Kul Wadhwa, diretor da Wikimedia Foundation, Marcos Mazoni, presidente da Serpro, Fernando Carrillo-Flórez, representante do Brasil no Banco Interamericano de Desenvolvimento, que, na mesa que ainda contava com Tim Berners-Lee, discutiram temas como neutralidade de rede, internet com direito fundamental, inclusão digital, expansão de infraestrutura e privacidade de dados e informações.

O ponto alto

Ao contrário do que prometeu a organização, houve filas, os locais para comprar comida não atendem a demanda e há muitas informações desencontradas. Mas nada parecia abalar de verdade o andamento do evento considerado o maior de tecnologia e cultura digital do país. Até as 17h45.

Nesse horário, começou a chover e luz acabou, junto com a internet de 10 Gbps. Logo os campuseiros levantaram de suas bancadas e começaram a cobrar explicações em frente ao estande da Telefônica, onde ficam os servidores, único ponto iluminado do local. Os notebooks viraram placas de protesto e, em pouco tempo, de humor. Gritos de guerra como “queremos 3G” e “Uh, é GVT” logo se espalharam pelo galpão.

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Um altar com uma santa, um pênis gigante e um robô controlado por controle remoto também foram usados como forma de protesto. Marcelo Branco, antigo organizador do evento, estava dando explicações de dentro do estande da Telefônica, informalmente, aos campuseiros. Segundo ele, não há como ter geradores para todas aquelas máquinas.

Aldo Neto, paulista residente em Recife que veio de lá para participar do evento, concorda, mas acha que ao menos geradores para que os guichês de entrada e saída funcionem eram necessários. “É um absurdo que um evento deste tamanho não tenha gerador nem para deixar a gente sair e entrar. Tem muita gente lá fora querendo entrar e está preocupado com seus computadores, que podem ser danificados com a queda de energia.” Para entrar em sua primeira Campus Party, ele precisou enfrentar cinco horas de fila na segunda-feira, 17.

Passada a confusão e restabelecida a energia às 18h55, Mário Teza, organizador do evento, subiu ao palco principal para dar explicações aos campuseiros: a luz havia caído em toda a região e eles não estavam preparados para um problema deste tamanho. “Mas queria deixar claro que a internet não chegou a cair, os servidores a mantiveram funcionando e é por isso que vocês já estão navegando logo depois que energia voltou. Quem é da área sabe que se ele tivessa caído, levaríamos horas para reconfigurar e colocar uma rede dessa magnitude no ar de novo”.

De volta à rotina

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Quando a energia voltou, a programação seguiu normalmente. No palco principal, o engenheiro da Nasa, Mike Comberiate, que coordena o programa para estudantes do Centro de Voos Espaciais Goddard, e Marco Figueiredo, engenheiro brasileiro que presta consultoria para a Agência americana, falaram sobre um grupo de alunos que desenvolveram um software e um robô para explorar outros corpos celestes.

A dupla quer levar 10 estudantes brasileiros para um estágio de um mês na Agência Espacial Americana – depois da bem sucedida experiência com a jovem Janynne, estudante de Governador Valadares que conheceu Figueiredo e perguntou a ele o que devia fazer para estagiar na Nasa. Ele falou com Comberiate e conseguiu uma vaga para ela e mais quatro estudantes brasileiros.

Os estudantes irão buscar solução em robótica e em desenvolvimento de softwares para aprimorar o robô explorador. O primeiro requisito para a vaga é a vontade e o retorno não é financeiro, mas vem em forma de prestígio e reconhecimento profissional. Comberiate pedia no fim da palestra: “Se você se interessa, vem falar comigo, porque eu quero seu nome e seu contato. Nós vamos formar uma bela equipe que pode criar muitas coisas importantes”.

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