O dia em que a internet não contra-atacou

Protesto contra vigilância do governo norte-americano praticamente passou batido; potências da tecnologia participaram discretamente

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Por Redação Link
Atualização:

Ônibus em Washington anuncia site de apoio a Edward Snowden (FOTO: Gary Cameron/Reuters)

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Nicole Pelroth The New York Times

SÃO PAULO – Um consórcio de ativistas da internet e em prol da privacidade vêm há tempos promovendo o 11 de fevereiro como o dia em que a internet se oporia e denunciaria em conjunto a vigilância da Agência de Segurança Nacional (NSA). O grupo chamou a data, que caiu na terça-feira, 11, de “O dia em que contra-atacamos”. Sites foram encorajados a participar de uma campanha online que se inspirou nos protestos contra as leis antipirataria SOPA e PIPA há dois anos. Naquela época, sites como Reddit e Wikipedia e empresas como Google e Facebook ajudaram a derrubar a legislação proposta.

Em vez disso, o protesto da terça praticamente passou batido. A Wikipédia não participou. O Reddit – que ficou offline por doze horas durante o protesto há dois anos – acrescentou um discreto banner à sua página principal. Sites como Tumblr, Mozilla e DuckDuckGo, listados como organizadores, não acrescentaram nada às suas homepages. Os manifestantes mais ruidosos eram os suspeitos de sempre: grupos ativistas como Electronic Frontier Foundation, a associação americana pelos direitos civis (ACLU), a Anistia Internacional e o Greenpeace.

As oito grandes empresas de tecnologia – Google, Microsoft, Facebook, AOL, Apple, Twitter, Yahoo e LinkedIn – que juntaram forças em dezembro numa campanha pública para “modificar a vigilância do governo” participaram na última terça apenas com a criação de um site conjunto onde piscava o banner do protesto.

A diferença pode ser explicada pelo fato de que há dois anos, as potências da internet estavam tentando impedir novas leis. Nesta terça, estava-se pedindo às pessoas que revertessem um esforço de monitoramento secreto e multi-bilionário feito por cinco países e que está no ar faz quase uma década.

Outra diferença em relação a 2012, quando o objetivo era simplesmente bloquear a passagem de novos projetos, a meta dos protestos de terça era mais confusa. Desta vez, os participantes tinham que colocar um banner em seus sites que pedia a visitantes que ligassem para seus representantes no Congresso pedindo apoio do USA Freedom Act (lei da liberdade dos EUA) – projeto que visa modificar o banco de metadados da NSA. Também pediu-se que eles se opusesse a um projeto de lei que ajudaria a regularizar o programa de coleta da dados da NSA.

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Nem tudo foi perdido. No fim da terça, cerca de 70 mil chamadas haviam sido feitas aos legisladores e cerca de 150 mil pessoas haviam mandado um email a seus representantes. Entretanto, em fóruns de discussão sobre privacidade e o Reddit, debates signficativos não chegaram a se materializar.

“Petições online”, disse um usuário do Reddit sobre o protesto. “O mínimo que você pode fazer, sem fazer nada”.

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