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O aparelho mais aguardado de 2010?

O próprio Steve Jobs apresentará a nova criação da Apple, que disse ser "o principal produto do ano"

Por Rafael Cabral
Atualização:

O gadget mais aguardado de 2010 está prestes a sair do papel. O evento de lançamento do tão falado tablet da Apple será realizado nesta quarta-feira, às 16h (horário de Brasília), em São Francisco. Steve Jobs em pessoa mostrará sua “mais nova criação”, como antecipava no convite aos jornalistas. Após rumores de que a companhia anunciaria algo menos ambicioso, como um novo iPhone ou a migração do iTunes para a nuvem, ficou claro nos últimos dias que o computador em forma de prancheta, pensado pela Apple desde 1983, será mesmo apresentado. “Estamos realmente empolgados”, disse Jobs em comunicado, comentando o que tachou como “o principal produto do ano”.

Esse conceito, na linha 'iPhonão', foi criado pelo designer Isamu Sanada  Foto:

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Não é exagero. O aparelho que ele mostrará no Yerba Buena Center for the Arts pode mesmo transformar a experiência de ler em dispositivos eletrônicos, revitalizando revistas, jornais e livros da mesma maneira que o iPod e a iTunes Store fizeram com a música digital, além de expandir a influência da Apple como intermediária de conteúdo. Multifuncional, o tablet de cerca de 10 polegadas deve intensificar também a distribuição digital de filmes, programas de televisão e games.

O modelo de negócios baseado na venda de aplicativos, criado para amparar o iPhone, deve crescer também. O computador portátil com uma tela multitoque maior e melhor que a do smartphone gerará novas interfaces de uso, layouts de tela e dispositivos, aumentando o mercado da App Store. A loja virtual de apps, que hoje gera em torno de US$ 1 bilhão por ano para a empresa e desenvolvedores, deve ganhar programas mais sofisticados, como games para mais de um jogador (bolados, segundo rumores, pela Eletronic Arts, uma das virtuais colaboradoras da empreitada).

O que o tablet será, ao certo, só saberemos durante a tarde. Já o que ele não será, dá pra chutar com alguma certeza: um dispositivo dedicado, que foca apenas no mercado editorial, seguindo os moldes do Kindle. Quem deu as pistas foi o próprio Steve Jobs, em setembro do ano passado, em uma entrevista ao New York Times (que, ao que tudo indica, é um de seus principais parceiros, ao lado das editoras Conde Nast e Harper Collins): “As pessoas provavelmente não vão querer pagar por aparelhos que só servem para fazer uma coisa. Os dispositivos multifuncionais ganharão a briga”.

O cinzento leitor eletrônico, específico por natureza, está bem aquém das ambições do novo conceito da companhia. O tablet não deixa de mirar no mercado editorial e rivalizar, de início, com o Kindle, sugerindo a salvação para  um momento de crise e confusão na mídia impressa. Esse, porém,  não parece ser o seu foco.

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Ao que parece, a Apple repete com as empresas de comunicação a estratégia que pôs em prática no lançamento da iTunes Store, em 2003, quando aproveitou o impacto do Napster para tomar conta do negócio das desorganizadas gravadoras. A loja virtual de downloads, que hoje representa 25% do mercado norte-americano, transformou a Apple em uma intermediária crucial entre as gravadoras e o consumidor final, além de fomentar a venda do hardware (no caso, o iPod).

Além de servir de suporte para notícias e livros, o tablet também será abastecido com games, softwares, programas de televisão e filmes sob demanda – e isso é só o que sabemos agora, antes da apresentação.Grande parte da produção em mídias digitais, caso o equipamente engrene, passará por uma mediação da Apple (que quer abocanhar parte dos lucros de cada uma das áreas, da mesma maneira que fez com a música).

É algo bem maior do que qualquer e-reader já sonhou realizar.

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