O ano do Feice

Como o Facebook virou o maior site do mundo – que pode valer até US$ 1 tri quando abrir capital

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Por Carla Peralva
Atualização:

Nick O’Neill desenvolveu sua própria rede social em 2005. Mas assistiu ao lançamento do Facebook e desistiu de seu projeto. “Vi que ia se tornar algo muito grande”. E decidiu se juntar ao que ele previa que seria um gigante. O’Neill lançou, em 2007, o All Facebook, blog especializado na rede social.

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Ao pensar em uma retrospectiva do Facebook em 2010, diz: “internacionalização”. Segundo ele, o foco da empresa, hoje, é a expansão mundial, principalmente em lugares onde o site é bloqueado, como a China.

Estratégias como o lançamento de um aplicativo que importa informações do Orkut é uma clara ação para atrair usuários brasileiros – que são 8 milhões, contra os 28 milhões da rede do Google. No Japão, as configurações de privacidade foram simplificadas e ganharam opções mais rígidas para seguir a legislação e o gosto local. “Eles fazem campanhas publicitárias e travam parcerias comerciais nos países onde querem crescer, mas as pessoas migram para o Facebook porque ele é melhor”, diz O’Neill.

Realmente, nunca se falou tanto em Facebook quanto em 2010. Pelo menos fora dos Estados Unidos. A incrível marca de 150 milhões de novos usuários em um ano se deve a adesão em países antes dominados por outras redes sociais, como a Índia, onde o Orkut reinava absoluto até agosto. Mas, em março, o Facebook abriu um escritório naquele país e em apenas cinco meses conseguiu fincar sua bandeira por lá.

Ainda segundo O’Neill, outra área que merece atenção prioritária por parte do Facebook é a plataforma social que permite a criação de aplicativos e a integração de sites à rede social. “O foco é mais nos desenvolvedores que nos consumidores finais, porque são os primeiros que criam as diferentes experiências sociais que atraem e mantêm os usuários na rede social. O Facebook não seria tão grande quanto é hoje se essa não fosse sua principal estratégia”, afirma.

David Kirkpatrick, autor do livro O Efeito Facebook – que chega no Brasil em janeiro pela editora Intrínseca – concorda e aponta dois grandes lançamentos como os pontos altos de 2010: a plataforma Open Graph, em abril, que distribuiu o botão “Curtir” pela web e o novo sistema de mensagens que integra e-mail e SMS, em novembro.

A lógica é simples: o Facebook desenvolve os mecanismos de integração social e o resto da internet gera conteúdo. Fica por conta de desenvolvedores – ou quem queira colar as poucas linhas de código dos plugins sociais na programação de seu site e com isso ter os mesmo benefícios de armazenamento de dados de usuários que uma página interna do Facebook – unir uma coisa a outra de formas criativas. Pronto, o Facebook torna-se uma central de comunicação online e fonte de conteúdos filtrados socialmente.

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O’Neill aponta para um terceiro grande passo: a entrada da rede social no mundo da geolocalização com o serviço Places. O blogueiro acredita que, em pouco tempo, o acesso à internet via aparelhos móveis será o principal meio de conexão e a localização está intimamente à navegação remota.

As discussões de privacidade e segurança também fizeram sucesso este ano, devido ao crescente acesso aos dados dos usuários que empresas e desenvolvedores ganham ao se valer das ferramentas sociais do Facebook. Mas, tanto para O’Neill quanto para Kirkpatrick, o maior desafio de Zuckerberg é manter a confiança de seus usuários. Ambos suspeitam que a privacidade vá ser um problema ainda maior no futuro por causa do novo sistema de mensagens e ao Places.

E 2010 foi ou não o ano do Facebook? Kirkpatrick responde que tem medo de chamar qualquer ano de “o ano do Facebook”, pois o seguinte pode ser ainda mais importante. “De onde veio o botão ‘Curtir’ vem muito mais. Especula-se que quando o Facebook lançar suas ações na bolsa, a capitalização será tão alta que ele poderá ser a primeira empresa de um trilhão de dólares”, afirma.

—- Leia mais: ‘Google não lançará uma rede social’O nascimento de uma nação‘Link’ no papel – 06/12/2010

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