No Brasil; 60% das casas ainda não têm internet

Desigualdade é maior entre famílias de baixa renda e lares nas zonas rurais; apesar da situação ruim, País tem feito avanços

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Por Redação Link
Atualização:

Desigualdade é maior entre famílias de baixa renda e lares nas zonas rurais; apesar da situação ruim, País tem feito avanços

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Rodrigo Petry

SÃO PAULO – O alto preço dos pacotes de internet e a indisponibilidade dos serviços deixam a maior parte dos lares brasileiros sem internet. Segundo pesquisa do Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic.br), apenas 40% do total das residências do País no ano passado contavam com internet residencial, seja fixa, discada ou via modem 3G, o que representava 24,3 milhões de lares.

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“Existem duas realidades no acesso à internet no País: uma é a divisão entre as classes sociais; a outra entre as zonas urbana e rural”, diz o gerente do Cetic.br, Alexandre Barbosa. Segundo ele, o País tem avançado no incremento dos domicílios com acesso à internet, mas ainda está “abaixo do ideal”, quando comparado a outros países. Em 2011, a fatia de domicílios com internet era de 36%, ante 27% de 2010 e 24% de 2009.

Barbosa afirma que o preço da internet é a maior barreira a ser transposta. “Muitas pessoas não têm como pagar pelo acesso, fazendo com que tenhamos uma baixa proporção de lares com internet”, diz. Segundo ele, esse público, das classes sociais mais baixas, é o que busca acessar internet em locais públicos gratuitos ou pagos, como lan houses.

Enquanto entre famílias classificadas como classe A ou B o acesso à internet atinge respectivamente 97% e 78% das residências, entre as camadas D e E elas somam apenas 6%. Já nos lares de classe média, a penetração chega a 36%.

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Outra discrepância ocorre nos acessos nas zonas rurais. Apenas 10% das residências nessas regiões contam com internet, ante um patamar de 44% da área urbana. Nas zonas rurais, a principal barreira é a indisponibilidade do serviço. Segundo Barbosa, iniciativas como o Plano Nacional de Banda Larga estão trazendo efeitos, como a visível queda dos preços. No entanto, a melhoria é sentida, sobretudo, em mercados mais competitivos. “Os investimentos das empresas estão concentrados em áreas mais atrativas. O problema é o acesso em áreas da região Norte ou Nordeste”, diz.

Futuro. Daqui para frente, a expectativa é de que os investimentos das empresas e as desonerações para a construção das redes de telecomunicações possam ampliar a penetração de lares com internet, assim como aumentar a velocidade média da conexão. “Mas isso será sentido apenas nos próximos anos”, diz o gerente. Segundo a pesquisa, quase 30% dos lares contavam com conexão de até 1 megabit por segundo (Mbps). Em 2011, essa fatia era de 43%.

Do total de residências conectadas à internet, 67% são por meio da conexão fixa, ante 69% de um ano antes. Os acessos móveis, via 3G, por sua vez, saíram de 17% em 2011 para 21% em 2012. Já os acessos discados continuam perdendo representatividade, atingindo 7% em 2012, ante 11% de 2011. Em 2008, por exemplo, os acessos discados representavam 31%.

Pelo tipo de acesso, a liderança continua com computadores de mesa (desktops), mas com perda de espaço para os notebooks e, mais recentemente, tablets. Em 2012, 70% das residências tinham desktops e 50%, laptops. Em 2010, os números era de 88% e 23%, respectivamente.

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Outra competição é com os smartphones, que acessam a rede 3G, mas não são classificados como acesso residencial. Com a queda dos preços, estes dispositivos devem continuar ganhando a preferência do brasileiro. “É uma forma de inclusão, já que o celular acaba sendo uma alternativa de conexão”, diz Barbosa.

A região Sudeste teve a maior proporção no País de lares com acesso à internet (48%), seguida da região Sul, com 47%. A menor representatividade ficou com a região Norte, de 21%. No Nordeste a participação foi de 27% e do Centro-Oeste, 39%.

Segundo a pesquisa, os usuários de internet no País atingiram 80,9 milhões de pessoas no ano passado. Além disso, pela primeira vez, a proporção de pessoas que acessaram a internet nos últimos três meses superou o número de entrevistados que nunca usaram. A pesquisa ouviu 17,3 mil pessoas entre setembro do ano passado e fevereiro deste ano em todo o País.

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Desigualdade digital |

97% das residências de famílias da classe A têm acesso à internet, de acordo estudo do Cetic.br6% dos lares de famílias de classe D e E têm conexão residencial à web. Pesquisa foi feita entre setembro de 2012 e fevereiro deste ano44% é a proporção de lares da área urbana com acesso à internet10% dos lares das zonas rurais estão conectados

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