Muito além dos smartphones e tablets

Principal feira de mobilidade do mundo abriu espaço para aparelhos conectados e novos dispositivos como relógios e pulseiras

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Por Murilo Roncolato
Atualização:
 

BARCELONA – Os organizadores da 27ª edição da Mobile World Congress, encerrada ontem, fecharam o evento com a sensação de dever cumprido. A feira recebe alguns dos mais importantes lançamentos da indústria de mobilidade e telecomunicações. O evento cresceu 20% este ano, segundo a GSMA, associação de operadoras que organiza o evento. Mais de 1,8 mil empresas de 32 países participaram exibiram novidades durante os quatro dias do evento, que começou na segunda-feira.

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O primeiro dia contou com uma apresentação de Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, que pisou pela primeira vez no evento de Barcelona. Ele falou basicamente sobre o projeto Internet.org, colaboração entre gigantes da tecnologia que tem como meta levar acesso à internet para todos os habitantes do planeta. Mas não escapou de comentar também a aquisição bilionária do aplicativo de mensagens WhatsApp, garantindo que o serviço permanecerá independente.

Alguns dos grandes destaques da feira foram as tecnologias vestíveis, o 4K (TV de altíssima definição) produtos à prova d’água e a internet das coisas, o conceito de se conectar qualquer objeto, como carros e cafeteiras, à internet. A maioria dos fabricantes de smartphones apostou em modelos mais baratos, para mercados emergentes.

RelógiosEntre os aparelhos mostrados, o destaque fica para a Samsung, graças a seus relógios com funções de celular (smartwatches) Gear 2 e Gear 2 Neo e à pulseira Gear Fit, também conectada, mas destinada aos acompanhamento de exercícios físicos.

A Samsung também apresentou o Galaxy S5, seu modelo mais sofisticado e concorrente direto do iPhone. O aparelho é uma atualização do modelo anterior, com pequenas melhorias de hardware e novidades como um recurso biométrico. As novidades devem chegar ao Brasil no dia 11 de abril.

A Sony apresentou modelos à prova d’água, como seu tablet e smartphone da linha Z2, que chegam em março ao mercado mundial.

Junto com o smartphone, a companhia japonesa exibiu um protótipo de óculos inteligente, chamado SmartEyeglass, possível rival do Google Glass.

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Entre os demais destaques, o novo LG G Pro 2, o imenso smartphone com tela de 5,9 polegadas; a nova linha de smartphones da Nokia com sistema baseado em Android, que terão foco no mercado mais popular. Os russos da Yotaphone vieram com uma segunda versão do seu smartphone de duas telas.

Dentre os novos nomes, está o celular Blackphone, resultado da união da empresa de software de segurança e defesa da privacidade SilentCircle (criada por Phil Zimmermann, o mesmo que desenvolveu a tecnologia PGP, que encripta e-mails) e a espanhola Geeksphone, responsável pelo hardware. O dispositivo possibilita ligações, envio de e-mail, SMS e navegação totalmente encriptadas.

ENTREVISTA

Andrew Parker, diretor de marketing da GSM Association

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Como foi o evento deste ano? Crescemos 20% em relação ao ano passado. Só aqui na área da “Cidade Conectada” (estande que simula uma cidade em que carros, eletrônicos domésticos e elementos como semáforos são interconectados) passamos de 14 para 53 demonstrações de aparelhos conectados. O número de dispositivos com conexão que não são smartphones ou tablets, como carros, está em torno de 250 milhões, o que dá 3% do total. Parece pouco, mas pense que sozinhos eles cresceram 38% em relação a 2012, taxa superior a dos celulares e tablets. É uma tendência.

As tecnologias vestíveis fazem parte disso? Claro. Primeiramente, vieram os carros conectados, uma tendência irreversível. Esse ano demonstramos carros compatíveis com LTE 4G. Além disso, monitorando o carro, é possível analisar o motorista, seu comportamento, o funcionamento do carro, a partir de informações de clima e trânsito prever possíveis condições de acidente, etc. Isso pode diminuir sensivelmente o valor de seguros. Na outra mão, estão os vestíveis, que podem interagir com o que está conectado. Há relógios, por exemplo, que são usados para ligar carros, trancar casas. A demanda de marcas de bolsas, camisetas, pulseiras, tênis a fabricantes de tecnologia tende a explodir.

Acha uma realidade viável em países com redes menos estruturadas, como no Brasil? As operadoras têm de se preparar. Se não fizerem, não é por falta de aviso, elas sabem o que está por vir. O que pode ser feito também para não congestionar a estrutura atual é as companhias monitorarem a rede e fazerem a gestão durante os horários de pico. É mais fácil de acompanhar porque máquinas são mais previsíveis do que os humanos.

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