PUBLICIDADE

Mobli tenta inovar com buscador de imagens

Aplicativo rival do Instagram muda o foco após receber investimento de Carlos Slim

Por Ligia Aguilhar
Atualização:
 

SÃO PAULO – No começo do ano passado, os funcionários do escritório do Facebook e do Instagram em Menlo Park, na Califórnia, foram pegos de surpresa quando um avião sobrevoou o endereço arrastando consigo uma faixa com uma url provocativa. “Meuúltimoinstagram.com. Ganhe US$ 100 mil.”

PUBLICIDADE

A ação era uma campanha da concorrente Mobli, plataforma israelense de compartilhamento de fotos e vídeos lançada em 2010 e que vinha ganhando usuários em todo o mundo por apostar em novos recursos, como filtros para vídeos em uma época em que o Instagram só exibia fotos, e a possibilidade de seguir não só outros usuários, mas hashtags de assuntos relacionados a pessoas, lugares ou temas.

Para abalar a soberania do aplicativo adquirido pelo Facebook, a empresa criou a campanha prometendo uma recompensa em dinheiro para quem publicasse a melhor foto no Mobli e abandonasse o Instagram.

Quase um ano depois, a campanha ainda está no ar, mesmo já tendo eleito um vencedor. O discurso da Mobli, porém, está bem menos agressivo. “Estamos em uma direção diferente agora, que é mostrar nossas habilidades”, disse ao Link o vice-presidente de conteúdo da Mobli, Yaron Talpaz, durante visita ao Brasil na semana passada.

O motivo da mudança brusca vai além dos números que mostram o Instagram com uma base de usuários pelo menos dez vezes maior que a da Mobli – são 150 milhões ante 13 milhões. O app israelense recebeu em junho do ano passado um aporte de US$ 60 milhões do magnata mexicano Carlos Slim, dono da empresa de telefonia América Móvil, controladora da Claro, no Brasil.

Antes disso, a startup já havia chamado a atenção por receber US$ 26 milhões em duas rodadas de investimento que contaram com nomes famosos como Leonardo Di Caprio, Serena Williams e Tobey Maguire. Mas foi com a entrada de Slim que o foco da empresa mudou da tática de guerrilha para o foco na inovação radical. Com dinheiro no caixa, a Mobli começou a desenvolver no início deste ano uma ferramenta de busca de imagens em redes sociais chamada Eyein. “O Google é o melhor endereço quando você pensa em busca de texto. Queremos fazer a mesma coisa com imagens”, diz Talpaz.

 

A ideia é unir algoritmos avançados com inteligência artificial para criar um serviço capaz de “ler” imagens e gerar uma busca eficiente. “Quando você faz uma pesquisa sobre um show, o Google encontra notícias e postagens recentes sobre o assunto, mas não tem o mesmo imediatismo com fotos”, explica. O lançamento do serviço é previsto para o terceiro trimestre.

Publicidade

 

Desafio. Serviços focados na busca de imagens e hashtags em redes sociais ainda são uma novidade no mercado de tecnologia. O Google anunciou no ano passado um serviço de busca por hashtags em sua rede social Google Plus nos EUA e Canadá, mas a ferramenta pouco evoluiu desde então. Também já fez um teste com uma tecnologia para reconhecimento de imagens, mas os resultados ainda são rudimentares.

Nos EUA, a startup #tagboard levantou US$ 2 milhões em investimento com um serviço de busca por hashtags em redes sociais como Instagram e Facebook. No Brasil, ferramenta semelhante chamada SocialTag.Me foi lançada pelo estúdio Colletivo de Design. “Fotos digitais possuem diversas informações incorporadas, como o tipo da câmera e lente usadas na imagem. Junto a dados das redes sociais, isso gera um banco de informações interessante”, diz Alex Barbirato, CEO da Incube, criadora do aplicativo de concurso de fotos WinAMinute. “Já o reconhecimento de imagens é algo difícil de fazer, Quem conseguir vai despertar muito interesse”, diz.

Há ainda outros desafios no caminho da Mobli. A empresa quer dobrar sua base de 2,3 milhões de usuários no Brasil até a Copa do Mundo, e busca a mesma expansão no restante do mundo, um passo importante antes da definição do seu modelo de negócio. “As redes sociais por vezes podem ser chatas. Nosso desafio é criar o melhor feed e fazer o aplicativo decolar até o proximo ano”, diz Talpaz.

Para isso, a startup vai contar mais uma vez com o apoio de Slim. No Brasil, o aplicativo da empresa lançará cinco novos filtros em cada um dos dias do Carnaval. Também ganhará destaque nos celulares vendidos pela Claro, e uma campanha maciça de divulgação será feita para toda a base de assinantes de planos da operadora. O mesmo deve se repetir em outras praças da América Móvil pelo mundo.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.