Melhorar reputação no Google vira negócio

No Reino Unido, celebridades e políticos pagam até US$ 30 mil para reduzir as notícias negativas nas buscas do Google; brasileiros estão na lista de clientes

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Por Agências
Atualização:

Empresas britânicas que oferecem serviços de marketing pela internet estão explorando um novo e, potencialmente, lucrativo filão do mercado: a administração de reputações.

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O serviço, que acaba funcionando como um trabalho de relações públicas na rede, consiste em manipular o mecanismo de buscas de sites como o Google para que artigos indesejados sobre uma determinada empresa ou pessoa sejam passados para as últimas posições nas listas de resultados que são exibidas nas telas dos usuários.

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Na Grã-Bretanha, jogadores de futebol, políticos, atores e empresas que foram alvo de publicidade negativa na mídia são alguns dos clientes que vêm pagando pelo serviço.

Em entrevista à BBC Brasil, o fundador de uma dessas empresas, o sul-africano Chris Angus, disse que o poder cada vez maior de sites de busca e a crescente preocupação com a questão da privacidade devem tornar serviços como este cada vez mais relevantes no mundo.

“Imagine que alguém publicou um artigo negativo sobre você na internet. Nosso trabalho é enfraquecer aquele artigo em proporção a outros, mais positivos, para que o artigo negativo não apareça na primeira página de resultados de buscas”, explicou Angus.

Para organizar resultados de buscas em ordem de relevância, o site Google usa um complicado algoritmo baseado em vários critérios. Um deles, bastante importante, é o número de links que uma determinada página tem com outros sites.

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“O que nós fazemos é procurar artigos positivos ou neutros sobre você e colocar links para esses artigos em outros sites”, disse.

As estatísticas mostram que 90% dos usuários de sites de busca olham apenas a primeira página de resultados e pouquíssimos avançam além da terceira.

Portanto, os artigos negativos ficam “escondidos” nas páginas de resultados que ninguém lê.

O serviço não é barato. Angus disse que sua empresa cobra entre US$ 15 e 30 mil dólares para esconder informações negativas sobre seus clientes. O processo, segundo ele, dura em torno de duas ou três semanas.

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O site de uma outra companhia britânica que oferce o serviço, a Kwikchex, com sede em Bournemouth, na Inglaterra, menciona alguns dos casos em que a companhia está trabalha no momento:

Uma empresa de turismo está perdendo negócios por conta de má publicidade após uma falha temporária em seus computadores ter resultado em problemas para clientes; um acidente aéreo que já foi investigado e ocorrido há bastante tempo está sendo usado pela concorrência para prejudicar uma companhia aérea; ou uma campanha de blogs contra uma companhia feita por um ex-empregado.

As empresas que se especializam em esconder a publicidade negativa admitem que há implicações éticas em relação ao serviço.

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“Se alguém está desobedecendo a lei, se alguém está sendo prejudicado, não aceitamos o trabalho”, disse Angus.

“Por exemplo, não trabalharíamos para um ditador africano ou para pessoas que cometeram crimes sérios, como assassinato”.

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Angus disse que o setor de administração de reputações emergiu como um nicho atraente do mercado há cerca de três ou quatro anos. Ele explicou que é difícil saber com certeza quanto o setor gera a empresas da área, mas arrisca a cifra de US$ 20 milhões anuais, só na Grã-Bretanha.

A empresa de Angus, Warlock Media, com sede na cidade inglesa de Banbury, é uma das líderes no mercado de marketing online, se especializando em promover websites para que apareçam no topo das listas de busca.

“Esse serviço é o oposto do que o que acontece na administração de reputações, quando empurramos histórias negativas para o pé das listas”, explicou.

Angus já esteve no Brasil e disse estar em negociações com empresas brasileiras.

“Por conta das grandes oportunidades que, antevemos, devem vir por aí”.

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